Se a montanha não vai a Maomé... Terá sido, mais ou menos, o que pensou John Griffin.
Acontece que, neste caso, nem a montanha iria até ele, nem ele podia ir até à montanha.
E, não podendo furar a quarentena, este inglês, de 53 anos, encontrou nos 30 degraus de casa a possibilidade de escalar o Evereste.
Todos os dias, Griffin passou a subir e descer pelos 3 andares da casa durante um mínimo de 6 horas e meia.
Ao quarto dia somava já 1363 viagens, 40 846 degraus, 8850 metros - aproximadamente a altura do monte Evereste.
"O lado mental de ver a mesma escada de novo e de novo, isso realmente esgotou-me", confessou à CNN Sport.
O objectivo de Griffin era arrecadar dinheiro para doar ao banco alimentar local, onde a procura por ajuda aumentou por causa da crise pandémica.
As viagens diárias foram, assim, transmitidas ao vivo, através de uma página no Facebook acompanhadas por um apelo: "Peço que se junte a mim neste desafio, sendo o mais generoso possível. Acho que precisarei de todo o apoio que puder, pois a casa tem escadas íngremes."
Além do gesto solidário, John Griffin espera ter também proporcionado alguma distração a quem acompanhou o feito.
"É um sinal dos tempos em que as pessoas procuram coisas para se distrair. Não acompanhar as notícias constantemente pode ser uma parte importante do bem-estar mental".
Griffin não foi o único britânico a fazer algo do género durante o período de confinamento.
O corredor Rory Southworth também escalou a altura de Ben Nevis, o pico mais alto do Reino Unido, nas traseiras do jardim.
"As pessoas começaram a interessar-se bastante pelas coisas que podiam fazer e em que queriam envolver-se. Então pensei em montar um grupo que, durante cinco dias, faria uma caminhada no acampamento base do Everest ", disse Southworth à CNN Sport .
No Instagram, o jovem de 27 anos conseguiu juntar 30 pessoas, e enfrentou com elas o desafio de subir mais de 5300 metros.
Além de manter-se fisicamente ativo durante a quarentena, a jornada virtual também ajudou os participantes psicologicamente.
À CNN, Southworth descreveu um experiência que foi emocionalmente muito intensa para alguns deste "alpinistas".
"Para muitos de nós que praticam muitos desporto ao ar livre, a nossa saúde mental está intrinsecamente ligada ao nosso desporto", justificou.
"Não estamos habituados a lidar com o estresse sem essa possibilidade de expulsá-lo através de atividades físicas, na natureza e em lugares selvagens. Portanto, ter algo em que temos um foco, dar-nos um objetivo, e ter uma equipa a apoiar-nos foi muito importante".
Southworth deseja continuar a ajudar as pessoas a permanecerem ativas durante o confinamento, e já está a organizar outro desafio, onde as equipas correm por uma montanha virtual diferente todas as manhãs.