Coronavírus

EUA enviam um milhão de cheques a pessoas que já morreram

Enviados 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).

EUA enviam um milhão de cheques a pessoas que já morreram
JIM LO SCALZO

O Governo dos EUA enviou por erro cheques de ajuda governamental a mais de um milhão de pessoas já falecidas, indicou uma agência independente num relatório transmitido ao Congresso e esta quinta-feira publicado.

"Segundo o inspetor geral do Tesouro para a administração fiscal, em 31 de maio, perto de 1,1 milhões de pagamentos totalizando cerca de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) foram enviados a pessoas que já morreram" devido à não atualização dos ficheiros, indica a agência.

Em resposta, os responsáveis do Tesouro indicaram ter atuado de forma precipitada devido à necessidade de enviar o dinheiro "o mais depressa possível", e em algumas semanas.

O Government Accountability Office procedeu a um exame aprofundado da resposta do Governo federal à pandemia da covid-19.

Desorganização na distribuição da ajuda?

A administração norte-americana é acusada de desorganização na distribuição da ajuda de urgência, com diversos lares que não correspondiam aos critérios de atribuição a receberem uma ajuda.

A agência precisa que, com o objetivo de ajudar as famílias, o organismo do governo federal que coleta os impostos sobre o rendimento e diversas taxas (IRS), e ainda o Tesouro, distribuíram um total de 160,4 milhões de pagamentos totalizando 269,3 mil milhões de dólares (238,5 mil milhões de euros), dos quais 1,4 mil milhões enviados a pessoas já falecidas.

Plano de ajuda de urgência do governo norte-americano

O Congresso adotou em finais de março um vasto plano de ajuda de urgência de mais de dois biliões de dólares (1,8 biliões de euros) designado CARES Act, destinado a atenuar o impacto económico para as empresas e trabalhadores norte-americanos mais vulneráveis.

Pressionados pelo tempo, "os responsáveis do Tesouro declararam que para as três primeiras parcelas de pagamentos, o Tesouro e o IRS utilizaram um grande número de procedimentos operacionais desenvolvidos em 2008 (durante a Grande Recessão) para os pagamentos de relançamento, que não incluíam os registos dos mortos (da segurança social) como filtro para interromper os pagamentos às pessoas mortas", precisa o relatório.

A lei prevê que os pagamentos sejam efetuados na base das suas declarações de rendimentos de 2018 ou 2019, ou preenchendo uma simples declaração de rendimentos.

Os particulares que ganham até 75.000 dólares (66.444 euros) anuais receberam cheques de 1.200 dólares (1.060 euros), e 2.500 dólares (2.214 euros) para os casais que ganham até 150.000 dólares (133.000 euros) ao efetuarem uma declaração conjunta de rendimentos.

As famílias podem ainda usufruir de mais 50 dólares (44 euros) por cada criança. Os pagamentos foram sendo reduzidos para os que usufruem de mais de 75.000 dólares com um nível de rendimentos de 99.000 dólares (87.707 euros) por pessoa ou 198.000 dólares (175.414 euros) para os casais.