Coronavírus

Resposta europeia à crise. Impasse mantém-se no terceiro dia de cimeira

Para António Costa falhar é um péssimo sinal para a Europa.

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Ao terceiro dia, a cimeira arranca com tudo em aberto e por decidir. As hipóteses de acordo e de falhanço são, neste momento, iguais.

Mark Rutte não tem facilitado. O holandês quer poder travar o desembolso de fundos caso considere que não estão a ser bem utilizados.

Já Angela Merkel disse ser "possível" que os líderes europeus, reunidos em Bruxelas pelo terceiro dia, não cheguem a acordo sobre a recuperação económica após a crise da covid-19, apesar de destacar a "boa vontade".

António Costa diz que é difícil compreender a resistência ao acordo, dada a gravidade da crise, para ele "a resposta tem de estar à altura da crise e a crise é que é enorme".

A ambição era aprovar um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros, com 500 mil milhões em subsídios, porém os montantes finais estão aind por decidir.

Merkel diz ser "possível" que não haja acordo apesar da "boa vontade"

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse este domingo ser "possível" que os líderes europeus, reunidos em Bruxelas pelo terceiro dia, não cheguem a acordo sobre a recuperação económica após a crise da covid-19, apesar de destacar a "boa vontade".

"Há muito boa vontade, mas também é possível que nenhum resultado seja alcançado hoje", afirmou Angela Merkel, falando à entrada da cimeira extraordinária de chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), em Bruxelas.

Tendo sido a primeira a chegar ao edifício do Conselho Europeu, três horas antes do início da reunião, a chanceler descreveu o dia de hoje como "decisivo", embora admitindo não conseguir determinar se "será encontrada uma solução" para o impasse político nas negociações.

GRANDE OBSTÁCULO A UM ENTENDIMENTO É OS MONTANTES EM JOGO

Sendo que a questão da condicionalidade das ajudas ao respeito do Estado de direito ainda não está resolvida - Hungria e Polónia continuam desagradadas com o texto proposto, e as discussões prosseguem com vista a encontrar uma formulação que agrade a todas as partes -, o grande obstáculo a um entendimento é os montantes em jogo.

Este parece ser um obstáculo muito difícil de transpor, porque as diferenças sobre os valores estendem-se do montante global do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 ao do Fundo de Recuperação, passando pelos valores dos apoios que devem ser prestados através de subvenções (subsídios a fundo perdido) e empréstimos, e ainda pelos 'rebates', os descontos de que alguns dos grandes contribuintes líquidos beneficiam.

Sobretudo os países do sul têm lamentado que, apesar de todos os esforços para se ir ao encontro das reivindicações dos 'frugais', estes continuam a exigir um orçamento plurianual menos ambicioso, um Fundo de Recuperação mais modesto, e sobretudo com menos subsídios a fundo perdido, reclamando por outro lado um aumento dos seus 'descontos' nas contribuições para os cofres europeus.

POSIÇÕES DOS PAÍSES "FRUGAIS" NÃO MUDARAM AO FIM DE DOIS DIAS DE INTENSAS NEGOCIAÇÕES

É neste cenário de divisão que os líderes europeus partem então este domingo para o terceiro dia de Conselho Europeu, com arranque formal previsto para as 11:00 de Lisboa, mas que deverá uma vez mais ser antecedido de diversos encontros à margem, em diversos formatos, numa derradeira tentativa de se alcançar um acordo considerado urgente pela esmagadora maioria dos responsáveis, entre os quais o primeiro-ministro António Costa.

Caso os 27 não aprovem a proposta de plano de relançamento da economia europeia, é altamente improvável que o Conselho Europeu se estenda por mais um dia, subsistindo a dúvida se ainda haverá margem para nova cimeira em julho, de modo a tentar fechar um acordo antes das férias de verão, o objetivo declarado dos dirigentes das instituições europeias.