Coronavírus

Covid-19. Qual a probabilidade de ficar infetado a bordo de um voo de curta duração?

Um professor de estatística da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology tentou quantificar a probabilidade de se ficar infetado a bordo de voo de duas horas nos EUA, o país com maior número de infetados no mundo.

Covid-19. Qual a probabilidade de ficar infetado a bordo de um voo de curta duração?
Nguyen Huy Kham

Andar de avião durante a pandemia poderá ser um dos maiores receios: um ambiente fechado, com pessoas estranhas e durante várias horas.

Apesar de aparentar ser um cenário de risco, há especialistas que defendem, com base nos poucos casos registados, que a probabilidade de alguém ser infetado durante um voo é relativamente baixa.

Uma das razões que apontam para as baixas infeções é a renovação do ar a cada dois a três minutos, para além de que grande parte dos aviões está equipada com filtro de partículas.

No entanto, e perante a situação pandémica, uma série de medidas foi implementada, como o uso de máscaras, rastreios de temperaturas, desinfeção das cabines e movimentos limitados durante o voo, como explica a CNN.

Um professor de estatística da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology, Arnold Barnett, tentou quantificar a probabilidade de se ficar infetado a bordo de voo de curta duração. Neste estudo, o matemático analisou também a vantagem do banco do meio vazio.

De acordo com as conclusões a que chegou, segundo a CNN, em voos de curta duração, em aviões com três assentos de cada lado do corredor, e supondo que todos os passageiros usam máscara, o risco de ficar infetado em pleno voo é de um em 4.300, e se o banco do meio estiver vazio, as hipóteses caem para um em 7.700.

"Há três situações que têm de correr mal para uma pessoa ficar infetada: tem de haver alguém com Covid-19 a bordo; Se essa pessoa existir e estiver a usar máscara, de alguma forma esta tem de falhar para permitir a transmissão; E a distância social não poderá estar a ser cumprida", explica o investigador à CNN.

As conclusões a que chegou são com base em voos de duas horas dentro dos EUA, o país com maior número de infetados no mundo, pelo que voos noutros pontos do globo a probabilidade de infeção será menor, porém em voos de maior duração poderá ser maior, explica Arnold Barnett.

Em relação ao lugar do passageiro, o matemático explica não haver muita diferença entre quem vai à janela e quem vai do lado do corredor. Porém, a possibilidade alguém ficar infetado quando está sentado do lado do corredor é maior, por estar rodeado de mais pessoas.

"Estatisticamente, o lugar à janela é um pouco mais seguro do que o do meio ou o do corredor num avião cheio. Mas não é uma grande diferença."

Arnold Barnett é um grande defensor da não ocupação do lugar do meio nos aviões, medida que tem sido adotada por várias companhias aéreas. Apesar de haver quem entenda que esta abordagem é "economicamente inviável", como explica a CNN.

Outra recomendação que Barnett faz com base no estudo que desenvolveu é o uso de viseira.

"Existem várias coisas que podem ser feitas para reduzir o risco e torná-lo ainda menor. (...) Uma viseira cobre os olhos, nariz e boca e diminui a probabilidade de infeção", explica à CNN.

Esta ideia é apoiada por um estudo desenvolvido pela Universidade de Edimburgo e Heriot-Watt University do Reino Unido, como explica a CNN, que defende que o uso de barreiras de plástico diminui o risco de contaminação, desde que sejam também usadas máscaras de proteção.