A Johnson & Johnson pediu luz verde aos reguladores norte-americanos para a primeira vacina de dose única contra a covid-19, e prepara-se para apresentar igual pedido aos reguladores europeus.
Argumentam que por ser uma vacina de toma única é uma solução que pode ajudar tendo em conta os problemas de distribuição que se têm verificado. Peter Marks, responsável da Administração para a Alimentação e Medicamentos (FDA) para a vacinação, afirmou recentemente que, na situação em que se encontra, "com tanto para fazer para controlar a pandemia", é impossível "desperdiçar munições".
A vacina, que revelou nos ensaios clínicos níveis de eficácia inferiores aos das desenvolvidas pela Pfizer e Moderna, será avaliada pela FDA e por avaliadores independentes ao serviço das autoridades, podendo tornar-se na terceira vacina em utilização nos Estados Unidos e a primeira de dose única, no país com mais casos registados de covid-19, quase 26,6 milhões.
No final de janeiro a Johnson & Johnson divulgou que a vacina apresentou uma eficácia de até 66% na prevenção de casos de covid-19 moderados e severos, num estudo com 44 mil indivíduos nos Estados Unidos, América Latina e África do Sul.
Segundo a Johnson & Johnson, o principal objetivo da vacina é o de impedir o desenvolvimento da forma mais grave da covid-19, caso em que foi 85% eficaz, impedindo a hospitalização dos doentes em todos os países onde foram realizados os ensaios.
Ao contrário das vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna, a da Johnson&Johnson não requer uma segunda dose semanas após a primeira nem precisa de temperaturas extremamente baixas, o que a torna uma boa candidata a viajar para outras partes do mundo.
A expectativa da Johnson & Johnson é ter pelo menos 100 milhões de vacinas disponíveis nos Estados Unidos até junho, começando a distribuí-las assim que tiver autorização do regulador.
Até final de 2021, espera distribuir mil milhões de doses com a produção espalhada pelos Estados Unidos, Europa, África do Sul e Índia.
Covid-19. Vacina da Johnson & Johnson disponibilizada na Europa no segundo trimestre
O diretor médico da Janssen afirmou, no dia 30 de janeiro, que se mantém o compromisso de disponibilizar na União Europeia as vacinas da Johnson & Johnson no segundo trimestre deste ano, altura em que Portugal receberá as primeiras 1,25 milhões de doses.
"O compromisso com a União Europeia é o segundo trimestre de 2021 e este compromisso mantém-se", garantiu Manuel Salavessa, ao adiantar que as primeiras 1,25 milhões de vacinas da empresa norte-americana contra a covid-19 que chegarão a Portugal no segundo trimestre fazem parte de um lote de 4,5 milhões que o país vai receber ao longo deste ano.
Em declarações à agência Lusa, Manuel Salavessa salientou a importância do fármaco da Johnson & Johnson ser de toma única, assim como poder ser armazenado em condições de frio menos exigentes do que as vacinas da Pfizer e da Moderna, o que facilita a componente logística da sua distribuição.
O acordo desta farmacêutica com a Comissão Europeia prevê para este ano 200 milhões de doses, com uma opção de 200 milhões de doses adicionais.
ENSAIOS CLÍNICOS EM SETE PAÍSES
Os ensaios clínicos da vacina foram conduzidos em sete países. O diretor de investigação da Janssen Pharmaceutical, o braço farmacêutico da Johnson & Johnson, Mathai Mammen, disse à agência Associated Press que "valeu a pena apostar numa vacina de dose única".
Os resultados preliminares apresentados surgem na sequência de ensaios clínicos com 44 mil voluntários que ainda decorrem, em que se incluem 468 pessoas com casos sintomáticos de covid-19.
Os investigadores monitorizaram o curso da infeção 28 dias depois da toma da vacina, altura em que uma pessoa vacinada com uma das vacinas de duas doses deveria tomar a segunda.
Depois do 28.º dia, nenhuma das pessoas vacinadas precisou de ser hospitalizada ou morreu, mesmo depois de expostas ao SARS-CoV-2, incluindo as variantes mais contagiosas.
A proteção conferida pela vacina foi registada a partir do 14.º dia a seguir à inoculação.