Coronavírus

Covid-19. África do Sul suspende uso da vacina da AstraZeneca

Vacina da AstraZeneca é menos eficaz contra variante sul-africana.

Covid-19. África do Sul suspende uso da vacina da AstraZeneca
POOL New

A África do Sul anunciou esta segunda-feira a suspensão temporária do seu programa de vacinação covid-19 após um estudo ter demonstrado uma eficácia "limitada" da vacina AstraZeneca/Oxford contra a variante do novo coronavírus detetada no país.

O programa de vacinação deveria começar nos próximos dias com um milhão de vacinas desenvolvidas pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

O estudo, realizado pela Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo e ainda não revisto pelos pares, diz que esta vacina oferece "proteção limitada contra formas moderadas da doença causada pela variante detetada da África so Sul em adultos jovens".

"Este é um problema temporário, temos de suspender as vacinas AstraZeneca/Oxford até termos resolvido estes problemas", disse o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, numa conferência de imprensa 'online'.

De acordo com os resultados preliminares, esta vacina é apenas 22% eficaz contra formas moderadas do vírus e ainda não estão disponíveis resultados sobre a sua eficácia contra formas graves.

O ministro da Saúde Zweli Mkhize disse que a decisão de suspender temporariamente o uso da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca no programa de vacinação do Governo, foi tomada depois de um estudo científico indicar que a vacina oferece "proteção mínima" contra casos leves e moderados da variante 501Y.V2, dominante no país.

"Queremos que os nossos cientistas aconselhem primeiro o Governo o que fazer com a AstraZeneca e quando é que pode ser aplicada, não há a intenção de a devolver ao fabricante, o plano é saber dos cientistas como lidar com esta vacina para avançar com a vacinação", adiantou Zweli Mkhize aos jornalistas, por videoconferência.

O governante disse que, entretanto, o Governo sul-africano vai vacinar com vacinas produzidas pela Johnson & Johnson e a Pfizer nas próximas semanas.

A África do Sul, oficialmente o país mais afetado do continente, com mais de 1,5 milhões de casos e mais de 46.000 mortes atribuídas a covid-19, recebeu o seu primeiro carregamento de um milhão de vacinas na segunda-feira.

Espera-se a entrega de 500.000 doses adicionais em fevereiro.

Todas estas são vacinas AstraZeneca/Oxford produzidas pelo Sérum Instituto da Índia. Estas primeiras doses destinavam-se principalmente aos 1,2 milhões de profissionais de saúde.

"Nas próximas quatro semanas, teremos as vacinas Johnson & Johnson e Pfizer", disse Mkhize.

Estão também em curso discussões com outros laboratórios, incluindo o da Moderna e o fabricante russo das vacinas Sputnik V, acrescentou.

O ministro sul-africano anunciou recentemente que tinha reservado 20 milhões de vacinas Pfizer/BioNTech.

Vacinas expiram em abril

As 1,5 milhões de vacinas Astrazeneca/Oxford obtidas pela África do Sul, que expirarão em abril, serão mantidas até que os cientistas deem indicações claras sobre a sua utilização, explicou.

"A segunda geração de vacinas para combater todas as variantes levará mais tempo a produzir", avisou o Salim Abdool Karim, epidemiologista e co-presidente do comité científico do departamento de Saúde da África do Sul.

A África do Sul planeia vacinar pelo menos 67% da população até ao final do ano, ou cerca de 40 milhões de pessoas.

A vacina AstraZeneca/Oxford foi aprovada por vários países, mas alguns, incluindo mais de uma dezena de europeus, preferiram recomendá-la apenas para pessoas com menos de 65 anos de idade, devido à falta de dados sobre a eficácia em pessoas mais velhas.

"Eu acho que é uma cautela extra"

A vacina da AstraZeneca, cuja primeira tranche de dose chegou este domingo a Portugal, não vai ser administrada a pessoas com mais de 65 anos. O anúncio foi feito por Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário habitual.

A Diretora do Instituto de Medicina Molecular garante que a vacina da Astrazeneca é segura. Todavia, a cientista Maria Manuel Mota diz que percebe a decisão de não vacinar pessoas acima de 65 anos.

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