Coronavírus

Estará o fim da pandemia para breve? Oito perguntas e respostas sobre a covid-19

Quando vai ser atingido o número máximo de casos diários? Vacinas são eficazes contra a Ómicron? Fim da pandemia está para breve? Saiba as respostas destas e outras perguntas esclarecidas na reunião do Infarmed.

Estará o fim da pandemia para breve? Oito perguntas e respostas sobre a covid-19

Especialistas de saúde pública e políticos voltaram a reunir-se esta quarta-feira na sede do Infarmed, em Lisboa, para avaliar a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal.

Do pico de novos casos estimado para janeiro ao fim da pandemia de covid-19, passando ainda pela reação da população ou vacinação, as oito respostas à reunião do Infarmed.

Quando vai ser atingido o número máximo de casos diários?

O número máximo de casos de covid-19 pode ser atingido nesta primeira ou na segunda semana de janeiro, segundo as estimativas de Baltazar Nunes, do INSA.

No pico esperado para o início de janeiro, estima-se um número de novas infeções “muito elevado”, entre 40 mil a 130 mil casos diários.

O epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge (INSA) prevê ainda que entre 4% a 12% da população possa ficar de quarentena. Ou seja, para cada pessoas infetada haverá três que vão precisar de estar em quarentena.

Qual a faixa etária que regista o maior número de casos?

A maior incidência da doença mantém-se no grupo etário dos 20 aos 29 anos, com o aumento da incidência em todos os grupos etários, “especialmente nos mais novos”.

De acordo com Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde, a incidência do coronavírus aumentou para um máximo histórico, com uma tendência fortemente a nível nacional.

O facto é revelado pelos internamentos em enfermaria, sendo que o número total se encontrava em 1.167 camas, mais 28% relativamente ao período homólogo.

No entanto, os internamentos em cuidados intensivos mantêm “uma tendência estável” (140/150 camas ocupadas) e a mortalidade reduziu para um valor inferior ao linear, determinado pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doença, de 20 mortes a 14 dias por 100 mil habitantes.

Perceção de risco, máscaras e testes: como estão as pessoas a reagir?

A perceção de risco de contrair covid-19 aumentou durante o período de Natal, mas houve uma progressiva redução do uso de máscaras em espaços fechados, mesmo em grupo.

Apesar da perceção de risco ter aumentado, ainda ficou abaixo do nível atingido em épocas festivas passadas, com 64% dos inquiridos a considerarem ter um risco moderado ou elevado de ficarem infetados (72% na época de Natal passada).

Em relação a uso de máscara em espaços fechados, “verificou-se uma recuperação para níveis semelhantes aos do final do verão, mas na última quinzena atestou-se novamente uma redução”.

De acordo com questionários feitos online a cada 15 dias, a frequência da testagem ganhou relevância. A percentagem de pessoas que reconheciam nunca ter feito um teste baixou de quase 50%, na quinzena de 11 a 24 de novembro, para menos de 30% entre 25 de dezembro e 3 de janeiro.

Ómicron é mais transmissível?

“A variante Ómicron tem muito mais mutações e é isso que explica a sua maior transmissibilidade”, esclarece João Paulo Gomes, do INSA.

Na terça-feira, foi confirmado que a Ómicron já é responsável por quase 90% das infeções em Portugal.

“O que se espera da variante Ómicron é um padrão diferente, com elevada carga da doença e prevalência elevada, mas menos peso relativo das infeções (…) A infeção não deixa de ser grave, mas mais benigna”, explica Ana Paula Rodrigues, também do INSA.

Vacinas são eficazes contra a Ómicron?

A eficácia das vacinas contra a covid-19 é mais baixa na variante Ómicron, do que para a Delta, mas aumenta após a dose de reforço e varia consoante a vacina e o tempo desde a última dose.

De acordo com Ana Paula Rodrigues, do Instituto Ricardo Jorge, a efetividade da vacina contra infeção por Ómicon situa-se entre os 40% e 70%.

A imunidade baixa mais rápido na variante Ómicron do que se verificou na Delta.

Em relação à efetividade contra hospitalização, independentemente do tipo de vacina, no caso da Ómicron, e após o reforço vacinal, é de 88%.

Quem falta vacinar?

A maior parte das pessoas que faltam vacinar contra a covid-19 são crianças e jovens entre os 5 e os 20 anos, de acordo com o coordenador do plano de vacinação, Carlos Penha-Gonçalves.

Até esta quarta-feira, 90% da população tinha pelo menos uma dose da vacina, enquanto 88% já estava completamente vacinada.

Relativamente à dose de reforço, 85% da população acima dos 80 anos já está vacinada, 83% na faixa dos 70 e 79% acima dos 65 anos.

Novos critérios para impor restrições?

Índice de transmissibilidade (Rt) acima de 1 e 70% de internamentos em cuidados intensivos são os critérios defendidos pelos peritos para agravar as medidas de contenção.

Os peritos propõem também uma aposta na autoavaliação de risco, responsabilizando mais a população, e nos autotestes, defendendo que devem ser gratuitos.

As recomendações indicam que, se a linha vermelha for atingida, os restaurantes voltarão a ter limite de seis pessoas por mesa no interior e a ter de privilegiar as esplanadas, os espetáculos voltam a ter uma lotação de 75%, assim como os centros comerciais.

Neste caso, os peritos sugerem também que o convívio familiar seja restrito a 10 pessoas, com uso de máscara fora do período da refeição e testagem prévia. Nas celebrações (casamentos, batizados), devem evitar-se grupos com mais de 100 pessoas, com autoavaliação de risco e testagem.

Fim da pandemia está para breve?

Falar no fim da pandemia “é bastante exagerado”, diz o epidemiologista Henrique Barros, que alerta ainda que pensar-se que a infeção se pode espalhar facilmente sem ter consequências, pode ser “um erro” e uma decisão que se pagará gravemente.

“Permitam-me usar aqui esta frase que poderá não ser totalmente verdadeira, mas é muito bem achada de Mark Twain e dizer que o anúncio do fim da pandemia infelizmente é capaz de ser bastante exagerado”, declarou o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.