Dois anos depois da chegada do novo coronavírus à Europa, Pedro Simas, virologista no Instituto de Medicina Molecular, faz um balanço da pandemia, da vacinação e da imunidade natural como proteção contra a covid-19.
O especialista sublinha que a cobertura vacinal é um fator importante para controlar a pandemia, tendo como argumento os números de internados e de pacientes em cuidados intensivos “que têm estado incrivelmente estáveis”. “Isso dá-nos uma grande segurança”, sublinha.
Sobre o número novos casos, Pedro Simas afirma que este “está muito alto porque testamos muito“, acrescentando que “esta testagem massiva está quase a criar uma sociedade distópica“.
“O que eu acho, como virologista, é que devemos voltar praticamente à normalidade, já o devíamos ter feito antes. Abrir a sociedade toda, proteger os grupos de risco com as terceiras doses todos os anos – é previsível que façamos da mesma forma que já o fazemos para a gripe. E, nesta fase que é transitória, talvez testar, mas só num contexto hospitalar, eventualmente alguma autogestão das famílias com autotestes. Mas temos de abrir a sociedade.”
Pedro Simas afirma que não é previsível que as medidas voltem a ficar mais apertadas nem que apareça uma nova variante capaz de destruir as defesas que a população já tem. Por essa razão, o virologista explica que é necessário “desmitificar o medo de estar infetado“.
“Preparar a sociedade portuguesa e desmitificar o medo de estar infetado com covid-19. Todos vamos ser infetados, vai fazer parte das nossas vidas e ser infetado, neste momento, tem um efeito muito benéfico na construção da imunidade natural e na entrada da verdadeira endemia”, afirma.
Tendo por base o número de portugueses que já foram diagnosticados com covid-19 – que ronda os dois milhões – e sublinhando que muitos casos podem nunca ter sido identificados, Pedro Simas considera que “estamos numa situação extremamente boa em Portugal” no que à imunidade natural diz respeito.
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