Economia dia a dia

Afinal, quanto vale a minha licenciatura?

Esta quinta-feira, na rubrica Economia dia a dia, falamos da perda de poder de compra em Portugal, da escassez de mão de obra qualificada, dos professores que estão cada vez mais velhos e das licenciaturas que valem cada vez menos

Loading...

O retorno económico associado à licenciatura foi-se deteriorando ao longo dos anos.

Em detalhe, falamos da linha temporal de 2011 a 2022. A sua desvalorização é comprovada pela queda do prémio salarial diretamente associado à formação, passou de 51% para 27%.

Portanto, compensava mais a um jovem investir numa licenciatura em 2011 do que agora.

As conclusões são do novo relatório da Fundação José Neves “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal 2023”.

No relatório está explicada esta tendência: as exigências de qualificação técnica, superior e tecnológica dispararam, o que pressionou as empresas nas contratações.

E por isto, há no mercado um cenário de escassez de talento e mão de obra qualificada que pode mesmo fazer repensar a estrutura do ensino português.

Mas o relatório também sublinha que os professores são, neste momento, uma classe envelhecida, o que dificulta a mudança. Aliás, são considerados a classe docente mais envelhecida da Europa, que neste momento ensina os jovens do digital e da tecnologia.

O próprio mercado de trabalho já se tornou mais qualificado e digital: “em 2022, 28% das competências pedidas eram digitais e 66% das ofertas de emprego anunciadas exigiam competências digitais”.

Além de a maioria das profissões ter aumentado os requisitos digitais, o próprio setor da alta tecnologia já corresponde a 45% do emprego total.

Mas 75% dos adultos menos qualificados não têm competências digitais básicas, o que atrasa o processo.

O emprego, mesmo com a Guerra na Ucrânia em curso, já conseguiu recuperar os números pré-pandemia.

Por outro lado, os salários têm vindo a perder valor, não só por causa da desvalorização da formação, como pelo aumento da inflação não acompanhado por aumentos salariais, onde os mais prejudicados foram os jovens.

Os desafios que a Fundação José Neves quer ultrapassar são principalmente: mudar o formato de ensino para um mais atual e melhorar as qualificações dos portugueses, diminuindo a população adulta com baixa escolaridade e aumentando a percentagem da população com qualificação superior.