Economia dia a dia

Quando é que Lagarde vai parar a subida dos juros?

Esta sexta-feira, na rubrica Economia dia a dia, falamos da nova subida dos juros do BCE, a nona este ano. Em setembro haverá novo anúncio e já é certo que não se pode contar com um corte

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“A inflação continua a baixar, mas ainda se prevê que permaneça muito alta, durante demasiado tempo. O Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três principais taxas de juro do BCE em 25 pontos-base".

É a nona subida consecutiva das taxas de juro e é a nona vez que ouvimos este discurso de Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu.

Em apenas um ano, as taxas de juro dispararam de zero para 4,25%. A maior subida de sempre na história do BCE.

Decisão que esteve em linha com a maioria das que foram tomadas entre as economias desenvolvidas, já que, por exemplo, o Banco do Canadá e a Reserva Federal dos Estados Unidos aumentaram os juros ao mesmo ritmo.

Atualmente, a Europa regista o sétimo nível de juros mais elevado nas economias desenvolvidas.

O combate à inflação está ainda em curso e em setembro, altura de nova decisão por parte do BCE, as taxas podem voltar a subir ou estagnar. Para já, é apenas certo que não haverá um corte, garantiu Lagarde esta quinta-feira.

O aumento dos juros tem sempre impacto no Estado, nas empresas e nas famílias.

As empresas têm custos de financiamento mais altos e as famílias sofrem com os agravamentos no crédito à habitação, já que a grande maioria, cerca de 90%, estão indexados às taxas Euribor, que crescem à boleia dos juros do BCE.

Segundo o Diretor-adjunto de informação da SIC Notícias, José Gomes Ferreira, neste momento, para o Estado emitir nova dívida, isto é, ir pedir dinheiro aos mercados, a taxa ronda os 3,5%.

Já a taxa média ainda está nos 1,7%, mas se os juros do BCE continuarem a subir, daqui a três ou quatro anos poderemos estar a pagar cerca de 3,5% ou 4%.

E o que é que isto significa? José Gomes Ferreira deixa um exemplo:

“Nós [contribuintes] neste momento estamos a pagar não chega a seis mil milhões de euros de juros dos empréstimos que a República tem. Se a taxa média duplicasse nos próximos 5 anos, passaríamos para cerca de 10 mil milhões de euros. Ora isto é tanto quanto se gasta com a educação ou com a saúde. Ou seja, seria uma duplicação completamente incomportável para o Estado pagar, porque teria de deixar de gastar nas outras áreas, nomeadamente as áreas sociais.”

Em conferência de imprensa, Lagarde antecipou que a economia deverá “manter-se fraca no curto prazo”.

E voltou a apelar aos governos para retirarem as medidas de apoio à crise da energia, de modo a evitar o aumento de pressões inflacionistas a médio prazo.

O objetivo continua a ser chegar aos 2% de inflação na zona euro. Neste momento, está nos 5,5%. Em Portugal a inflação em junho foi de 3,4%. Na próxima segunda-feira o INE avançará a sua primeira estimativa para a inflação de julho.