
A esperança está depositada na próxima reunião do Banco Central Europeu. A 14 de setembro o BCE tomará uma decisão quanto a manter ou voltar a subir a taxa de juro.
Mas agora o cenário é menos favorável a um congelamento das taxas do que era há umas semanas
Fora de questão para já está um corte na taxa de referência na zona euro, avisou Christine Lagarde. Entre os cenários possíveis está uma eventual pausa no aumento dos juros, depois das já somadas nove subidas consecutivas, que juntas, resultam numa taxa de juro que passou do zero para 4,25%. A maior subida de sempre na história do BCE.
E porque é que há agora menos esperanças? Porque ao contrário do esperado, a inflação, em metade das economias europeias, subiu em agosto, incluindo em Portugal
No nosso país, a inflação subiu de 3,1% em julho, para 3,7% em agosto, segundo o Instituto Nacional de Estatística, que explica ainda que o principal culpado foi a subida do preço dos combustíveis.
E como a inflação da zona euro é um dos pontos-chave para a decisão do BCE, estas subidas pintam o cenário com mais linhas negras.
As palavras de Mário Centeno, divulgadas esta segunda-feira, defendem que “mal a inflação esteja controlada, o BCE deverá começar um ciclo de descidas das taxas de juro”.
O Governador do Banco de Portugal sublinhou ainda que, neste caminho de redução, os tempos das taxas de juro de zero ou mesmo negativas, ainda estão longe.
A posição de Centeno surgiu através de uma nova ferramenta de comunicação do banco central português.
O governador pretende publicar esta nota de análise da evolução do país uma vez por ano, a somar aos relatórios já publicados regularmente pelo banco central.
Com elogios às políticas do Governo português e uma postura cautelosa quanto às decisões de política monetária, o Governador do Banco de Portugal terá voto na reunião de setembro do BCE. Isto porque os votos dos presidentes dos bancos centrais de cada país do euro são rotativos.
Centeno mostra-se preocupado com o risco de uma subida demasiado alta das taxas de juro, sendo que a redução da dívida pública deve continuar a ser prioridade.
Quanto ao investimento público, o Governador disse ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência deve tornar-se num momento único de integração europeia e de transformação estrutural, ironizando que longe vão os tempos das “rotundas”.
E reconhecendo as dificuldades passadas pelas famílias portuguesas, Mário Centeno disse ainda que a redução do número de licenciados em Portugal não tem base real e trata-se apenas de um “desvio estatístico” e não de um aumento da emigração.