Economia dia a dia

A Autoeuropa está em crise, por isso, conte com menos T-Roc

A Autoeuropa, a fábrica portuguesa do grupo Volkswagen, irá fechar durante 9 semanas, deixando os seus trabalhadores em lay-off, mas já foi garantido o pagamento de 95% do seu salário. Quantos carros ficarão por colocar no mercado? E irá sentir o impacto na sua carteira?

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A Autoeuropa, a fábrica portuguesa do grupo Volkswagen, está novamente em crise, e desta vez, a culpa não é nem da pandemia, nem da guerra na Ucrânia. Desta vez, a culpa é do clima.

Portanto, a Autoeuropa precisa de uma peça essencial na construção dos motores do modelo Volkswagen T-Roc. Essa peça é feita numa fábrica na Eslovénia. E essa mesma fábrica foi inundada depois das fortes chuvas de agosto que assolaram o país.

Ou seja, se a peça não chega a Portugal, não é possível acabar de construir o motor e os carros Volkswagen T-Roc não podem seguir para venda o que faz descer os lucros da empresa, mas não só.

A falta de componentes na Volkswagen Autoeuropa, vai fazer com que a fábrica feche as portas por nove semanas, o que vai deixar cerca de 5000 trabalhadores em regime de lay-off entre 11 de setembro e 12 de novembro.

Por isso não terão de trabalhar e os encargos serão repartidos de igual forma entre o Estado, a empresa e os trabalhadores. Ainda assim, os trabalhadores esperam que aconteça o mesmo que no lay-off da pandemia covid-19, que seja a empresa a assegurar a sua parte, já que muitos dos empregados estão em situações económicas delicadas.

Para além disso, a Autoeuropa, em Palmela, é o maior investimento estrangeiro industrial em Portugal e responde por 1,5% do Produto Interno Bruto nacional.

Para tentar abreviar ao máximo a quebra na cadeia de abastecimento, estão na Eslovénia altos responsáveis do grupo alemão Volkswagen. Até porque a falta da peça em questão está a ser sentida em várias fábricas do grupo.

Por cá, o Ministério da Economia e do Mar disse à agência Lusa que está à procura de soluções na indústria de componentes nacional.

Agora, porque é que esta nova crise na Autoeuropa preocupa? Porque estamos a falar de um dos “pesos pesados” da economia portuguesa. Como dissemos, a empresa tem um peso de 1,5% do PIB nacional e é o maior exportador do nosso país, já que envia para o estrangeiro 99,2% da sua produção.

Já para não falar dos empregos diretos e indiretos que criou, isto porque foram instaladas, em Setúbal, muitas pequenas e médias empresas que garantem o fornecimento de componentes à fábrica alemã.

Se não trabalhar nesta empresa ou nas que dependem dela, não deverá sentir impacto no seu bolso. Mas a verdade é que é mais um abalo na economia portuguesa.

Falando especificamente nos impactos. Para este ano, estava estimado um recorde de produção do modelo Volkswagen T-Roc, de 235 mil unidades. Se em cada dia são produzidos 900 carros, deverão ficar pelo caminho 50 mil, com o encerramento de nove semanas.