Economia dia a dia

Os portugueses estão viciados nas raspadinhas?

Esta terça-feira, na rubrica Economia dia a dia, falamos do que gastam os portugueses em raspadinhas e quais são os perfis mais comuns de compradores

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Mais de 50 anos, com ensino básico ou secundário e com rendimentos abaixo do ordenado mínimo.

Este é o perfil mais comum dos compradores de raspadinhas. O tão conhecido jogo do “é só mais um euro e é desta!”. Mas não são muitas as vezes em que o resultado é realmente o esperado.

Seja nos cafés ou nas tabacarias, a verdade é que as raspadinhas são o jogo mais rentável da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ao serem responsáveis pelo ganho de €1,5 mil milhões brutos por ano.

O que, fazendo as contas, significa que a Santa Casa ganha 4,2 milhões de euros por dia, só em raspadinhas.

Os resultados são do estudo “Quem paga a raspadinha?”, levado a cabo pelo Conselho Económico Social, em parceria com a Universidade do Minho.

Onde concluem que Portugal é o país com maior gasto per capita em lotaria instantânea, gastando mais do dobro da média europeia.

Quem recebe entre €400 e €660 é quem raspa mais, quem está mais viciado no jogo. E porquê? Porque sentem que precisam de jogar para ganhar dinheiro. O acaba por ser uma falácia, já que quem joga muito, em média, perde dinheiro, segundo o Conselho Económico.

Mas ser fácil de comprar, barato e com um prémio imediato quase que desculpa a repetida frase “é um café e uma raspadinha, por favor”.

Assumindo que todos os inquiridos responderam a verdade sobre quanto gastam em raspadinhas e não se perderam nas contas, os gastos anuais médios ficam nos 38€.

Mas com base nos relatórios de contas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, seria de esperar um valor de €140 a €160 euros anuais.

Mas a subestimação dos valores gastos é uma das distorções cognitivas mais frequentes nas pessoas com jogo problemático ou patológico.

Neste momento já correspondem a 30 mil dos cem mil adultos viciados neste jogo.

Muitos mostram sintomas de depressão, ansiedade e stress. Também consomem mais tabaco, café, bebidas energéticas, álcool e outras substâncias como cannabis ou cocaína. O que mostra que são pessoas vulneráveis a nível de saúde.

As conclusões deste estudo são resultado de 2554 inquéritos telefónicos feitos a residentes em Portugal com mais de 18 anos.

Esta é a primeira de três fases do estudo. A próxima etapa foca-se numa análise mais detalhada do perfil dos compradores e a última será uma fase mais clínica, com um grupo específico de pessoas dependentes do jogo.