
O negócio foi fechado.
Esta semana chegou ao fim, o processo de reprivatização da Efacec, cujo controlo passa para as mãos do fundo alemão Mutares.
O negócio acontece quase três anos e meio depois de o Estado ter nacionalizado 71,73% da empresa que pertencia à empresária angolana Isabel dos Santos.
Ao longo de 20 meses o Estado injetou dinheiro na empresa portuguesa de equipamentos de energia. Foram €200 milhões de apoio público.
E agora, com a venda ao fundo alemão, o Estado vai injetar mais €160 milhões, segundo o ministro da Economia, António Costa Silva.
O Banco Português de Fomento vai ainda assumir um empréstimo de €35 milhões.
Por isso, fazendo as contas, o Estado assumiu uma exposição total de €395 milhões com a nacionalização e reprivatização da totalidade da Efacec.
Mas as perdas globais, incluindo os acionistas minoritários, os obrigacionistas e os bancos, ascenderão a €513 milhões.
Por outro lado, a Mutares vai investir significativamente menos na sua compra, comparando com o Estado português, que é o vendedor.
A empresa alemã vai investir €15 milhões e disponibilizar outros €60 milhões em garantias.
António Costa Silva desdramatizou a desproporção do investimento estatal face ao da Mutares e focou-se na importância de garantir a sobrevivência da empresa, assegurando dois mil postos de trabalho.
Para o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, “foi a melhor oferta que o Estado tinha”, já que a Efacec “estava no limite”.
Os dois governantes sublinham que o desfecho do negócio foi muito complexo e que não teria sido possível um acordo sem a aceitação de perdas por parte dos bancos e dos obrigacionistas.
Com este acordo, o Estado espera receber uma parte dos ganhos que venham a ser alcançados pela Mutares.
A Mutares trará consigo uma equipa interna de cerca de 200 consultores para traçar um plano estratégico em seis meses.
E a gestão da empresa deverá manter-se com Ângelo Ramalho, o gestor que já liderava a Efacec antes da sua nacionalização.
Haverá, no entanto, um novo administrador financeiro, Jorge Barreiros, que já colaborou com a Mutares anteriormente.
Mas os trabalhadores da Efacec estão menos otimistas. Vários funcionários da empresa ouvidos pelo Expresso comentaram que esta é “a esperança de quem está a ver a luz ao fundo do túnel pela primeira vez em muito tempo", mas não disfarçam “a incerteza sobre o que vai, na verdade, acontecer dentro da fábrica”.
Segundo os trabalhadores, há falta de informação sobre o futuro.
Agora, resta-nos esperar pelas informações financeiras e que seja mantida a força de trabalho, como prometeu a Mutares ao ministro da economia, que diz que esta venda é uma notícia feliz para a economia portuguesa.