"À hora a que vos falo, 45.000 curdos da Síria passaram a fronteira e entraram na Turquia em oito pontos de passagem diferentes", afirmou o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus, em conferência de imprensa, um dia depois da abertura da fronteira pelas autoridades da Turquia.
Na sexta-feira, a Turquia foi forçada a abrir a sua fronteira para acolher com urgência alguns milhares de curdos da Síria que foram levados a sair do país por causa do avanço do Estado Islâmico na cidade síria de An al-Arab.
Depois de recusar por uns tempos a entrada destes refugiados, as autoridades turcas permitiram finalmente a entrada de milhares de pessoas que rapidamente se dirigiam para a localidade turca de Dikmetas, sobretudo mulheres, crianças e idosos.
O governo de Ankara justificou este gesto "excecional" com a violência dos combates que se sucedem na costa síria.
"Decidimos acolher estes sírios por obrigação porque eles estavam presos num território muito limitado e estavam ameaçados por combates", explicou à imprensa o governador da província de Sanliurfa, Izzetin Kçk.
Também o primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, garantiu que vai "ajudar todos os deslocados com todos os meios", acrescentando que o seu objetivo principal é "ajudá-los, se possível, nos limites das fronteiras sírias".
Pelo menos 300 curdos da Turquia atravessam fronteira para ajudar rebeldes
Pelo menos 300 curdos da Turquia chegaram à Síria para ajudar os rebeldes sírios em Ain al-Arab, a terceira cidade curda do país, que está a ser ameaçada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), informou hoje uma organização não-governamental.
.Responsáveis curdos e a oposição síria que luta contra o EI e o regime de Bashar al-Assad, já tinham pedido ajuda à comunidade internacional para evitar uma "limpeza étnica" em Kobané, o nome curdo de Ain al-Arab.
."Pelo menos 300 combatentes vieram de regiões curdas da Turquia e atravessaram a fronteira com a Síria durante a noite e reuniram-se aos YPG (milícias curdas) em Kobané, para combater o Estado Islâmico", indicou o Observatório Sírio dos Direitos dos Homens (OSDH).
.Violentos combates entre curdos e "jihadistas" começaram na terça-feira à noite nos arredores daquela cidade, tendo o EI tomado mais de 60 vilas próximas, chegando cada vez mais perto de Kobané, bastião curdo na fronteira com a Turquia.
.Segundo o governo turco, cerca de 45.000 curdos sírios refugiaram-se na Turquia desde quinta-feira e outros milhares estão a atravessar a fronteira neste sábado, segundo um fotógrafo da agência francesa AFP.
A OSDH indica que 800 habitantes destas vilas na Síria estão desaparecidos e que foram executados 11 civis curdos, entre os quais dois adolescentes, nos arredores de Kobané.
Lusa