Daesh

ONU anuncia descoberta de 16 valas comuns em Sinjar, norte do Iraque

A ONU anunciou hoje a descoberta de 16 valas comuns em Sinjar (norte do Iraque), recentemente retomada pelas forças curdas ao Daesh (grupo Estado Islâmico), e denunciou "violência sistemática" contra os sunitas suspeitos de terem apoiado o Daesh.

Elemento da minoria yazidi que lutou ao lado dos curdos para libertar Sinjar das mãos do Daesh.
© Azad Lashkari / Reuters

"Recebemos informações que se referem a 16 valas comuns contendo os corpos de pessoas assassinadas pelo Daesh", declarou Cécile Pouilly, porta-voz do Alto comissariado da ONU para os direitos humanos durante uma conferência de imprensa em Genebra.

As Nações Unidas não dispõem no entanto de informações sobre a localização dessas valas, nem sobre o número de corpos que contêm.

O Daesh assumiu o controlo de Sinjar em agosto de 2014 e perpetrou uma série de massacres, sequestros e violações contra a minoria yazidi (um grupo etno-religioso que segue uma antiga religião sincrética), mas que constituía a maioria da população desta localidade.

A ONU considerou este ataque como uma "tentativa de genocídio".

Pouilly também manifestou preocupação pelas "informações sobre um aumento dos abusos e violações dos direitos humanos cometidos contra as comunidades árabes sunitas nas regiões do Iraque que o Daesh controlou", e que de seguida foram retomadas por outras forças.

Estas informações indicam que membros das forças de segurança iraquianas e curdas, e milícias aliadas, cometeram diversas violações dos direitos humanos sobre as populações sunitas locais: pilhagens, destruição de bens, expulsões forçadas, sequestros, detenções ilegais, execuções extrajudiciais.

Segundo a ONU, outras comunidades religiosas também desencadearam uma vaga de perseguições sobre os sunitas.

"Esta situação prolonga-se há meses, à medida que os territórios são libertados", sublinhou a porta-voz, que se referiu a "ataques em larga escala" contra os sunitas iraquianos.

As forças curdas iraquianas, apoiadas pelos bombardeamentos aéreos da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, desencadearam diversas ofensivas no norte iraquiano, e em meados de novembro forçaram a retirada do Daesh de Sinjar.

A porta-voz da ONU pediu ainda ao governo iraquiano para promover uma investigação sobre "todas as violações e atentados aos direitos humanos, incluindo as cometidas contra as comunidades árabes sunitas".

Lusa