Situada a cerca de 30 quilómetros a sul de Mossul, a cidade de Nimrod é um dos locais históricos que o grupo extremista Daesh destruiu desde que tomou grandes superfícies no Iraque e na Síria.
O exército iraquiano anunciou que a nona divisão blindada e as milícias tribais Hachd al-Achaeri tomaram Abbas Rajab, uma localidade nos arredores da cidade antiga sob controlo do Daesh.
As mesmas fontes não explicaram se este contingente tinha a intenção de se deslocar ao local arqueológico, joia do império assírio fundado no século XIII a.C. ao longo das margens do rio Tigre.
Na passada primavera, vídeos e imagens obtidas por satélite testemunharam a destruição com bulldozer, picaretas ou explosivos pelos fundamentalistas. Um dos monumentos mais danificado é o templo de Nabu, com 2.800 anos e dedicado ao deus mesopotâmico da sabedoria e da escrita.
O Daesh também tomou por alvo a cidade antiga de Hatra, construída nos séculos II ou III a.C., também no trajeto das forças iraquianas para Mossul.
Esta ofensiva para reconquistar a segunda cidade do país diminui a sua progressão nos últimos dias, com as forças iraquianas a consolidarem as vitórias no terreno, obtidas desde 17 de outubro. Os soldados iraquianos depararam-se com uma resistência determinada dos extremistas islâmicos, nomeadamente nos bairros orientais da cidade, onde reside uma maioria de muçulmanos sunitas.
Tempestades de areia travam ofensiva 'Cólera do Eufrates' em Raqa, na Síria
A cerca de 400 quilómetros para oeste, do outro lado da fronteira Iraque-Síria, a ofensiva das forças curdo-árabes, apoiadas por Washington para reconquistar Raqa, foi travada por tempestades de areia.
"A situação é perigosa hoje por não haver visibilidade nesta região desértica devido à tempestade de areia", disse um chefe militar das Forças Democráticas Sírias (FDS).
"O nosso receio é que o Daesh aproveite para se infiltrar e lançar uma contraofensiva", acrescentou o mesmo responsável, que se encontra perto de Ain Issa, a 50 quilómetros de Raqa.
Devido à falta de visibilidade, a aviação da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, não conseguiu realizar ataques precisos contra posições do Daesh.
"Conseguimos realizar o terço da distância que nos separa de Raqa", desde o início da ofensiva 'Cólera do Eufrates', "a estratégia é cercar o inimigo antes de proceder a operações de busca", afirmou Jihan Ahmad, porta-voz da operação.
A porta-voz acrescentou que as FDS tomaram 15 aldeias e localidades. "Hoje os combates decorrem na aldeia de Al-Hicha", sob controlo do Daesh e a cerca de 40 quilómetros a norte de Raqa.
Estes combates levaram mais de cinco mil pessoas a fugir de casa para encontrar refúgio em zonas conquistadas ao Daesh.
A administração local não tem condições para lidar com um fluxo de refugiados. "Precisamos de ajuda internacional porque as nossas capacidades são limitadas, não há campo para os receber e o inverno aproxima-se", declarou Ahmad.
A ONU manifestou já "grande preocupação" pelos residentes de Raqa que, de acordo com informações disponíveis, "têm dificuldades em garantir as necessidades imediatas", uma vez que os acessos à localidade "estão fortemente limitados pela insegurança e restrições impostas pelo Daesh".
Lusa