No primeiro teste para a formação do Governo em Espanha, o PSOE passou, ao conquistar a presidência do Parlamento com o apoio do Juntos pela Catalunha, o partido liderado por Carles Puigdemont.
O partido votou contra a investidura de Sánchez na anterior legislatura, mas negoceia este ano a viabilização de um Governo de esquerda.
Mas, afinal, que poder tem Puigdemont?
Na SIC Notícias, o eurodeputado e vice-presidente do PSD Paulo Rangel fala numa “situação muito complexa” e afirma que Puigdemont “tem tudo nas mãos”, por estar numa “posição de chantagem que nunca teve”.
No entanto, adverte para as “consequências graves” que podem advir deste apoio.
“Se em Portugal alguém quisesse fazer uma aliança com um partido que queria o fim de Portugal, seria uma coisa que ninguém compreenderia. É disto que estamos a falar em Espanha e com consequências muito sérias”, alerta.
Rui Tavares, deputado do Livre, discorda de Rangel, defendendo que Puigdemont e o seu partido “tiveram um péssimo resultado” na Catalunha, tendo os catalães desviado o voto para o PSOE e para a esquerda não-independentista.
Por essa razão, diz que não há um “papão de Puigdemont estar a dominar Espanha”. Rui Tavares reconhece a “posição temporária de força”, mas considera que o independentista tem mais a perder se voltar a ir a eleições.
Paulo Rangel assume que Puigdemont terá interesse em apoiar a investidura de Pedro Sanchez, mas alerta que a situação no país é “muito difícil e precária”.
PSOE aspira por uma geringonça de seis partidos
A nova legislatura espanhola, saída das eleições legislativas antecipadas de 23 de julho, arrancou esta quinta-feira com a constituição formal das Cortes, formadas pelo Senado e pelo Congresso dos Deputados (o Parlamento).
Cabe agora ao chefe de Estado, o Rei Felipe VI, fazer uma ronda de audições com os partidos representados no Parlamento e indicar um candidato a primeiro-ministro, que para ser investido tem de ser votado e aprovado pelo plenário dos deputados.
O Partido Popular (PP, direita) foi o mais votado nas eleições de 23 de julho, mas sem maioria absoluta no Parlamento, que também não consegue alcançar com os apoios dos aliados que tem no Congresso dos Deputados.
O PSOE foi o segundo partido mais votado, mas tem mais aliados no Parlamento, pelo que aspira a formar um Governo de coligação com o SUMAR, apoiado no Parlamento por uma geringonça de seis partidos, incluindo separatistas bascos e catalães.