O grande vencedor da noite foi António Costa. Pediu e os portugueses confiaram-lhe a segunda maioria absoluta da história do PS. Entre os vencedores constam ainda André Ventura, que conquistou o terceiro lugar, e João Cotrim de Figueiredo, que passará a ter a companhia de sete liberais. Menos feliz foi a noite para os parceiros da geringonça, para o líder do PSD e para Francisco Rodrigues dos Santos, que anunciou a demissão.
À boca das urnas, as primeiras projeções deram desde logo uma vitória confortável ao Partido Socialista (PS), prevendo-se como possível a ecogeringonça proposta por Rui Tavares. A dúvida, ao início da noite, era o terceiro lugar: Chega ou Iniciativa Liberal (IL), um deles iria certamente ocupar o lugar do Bloco de Esquerda como terceira força política no Parlamento.
Mais atrás surgia a CDU, que bem cedo viu ser anunciada a saída da bancada parlamentar de dois pesos pesados: António Filipe (Santarém) e João Oliveira (Évora). Sem mais demoras, cerca das 22:00, o secretário-geral do PCP deu o pontapé de partida aos discursos dos líderes partidários.
Jerónimo admite quebra eleitoral
Apontando o dedo ao PS por ter precipitado estas eleições, Jerónimo de Sousa admitiu “uma quebra eleitoral com significativas perdas de deputados”, mas deixou a porta aberta a entendimentos com Costa – que a esta hora ainda não tinha como certa a sua maioria absoluta.

Partidos da “geringonça” com derrotas pesadas
A Jerónimo, seguiu-se a Catarina. Pouco depois de ser oficial que José Manuel Pureza também estava de saída do Parlamento, foi a vez da coordenadora do Bloco de Esquerda reconhecer a derrota.
Com pesadas derrotas, os parceiros da geringonça davam assim por terminada a noite eleitoral. Juntos, Bloco e CDU, perderam 20 deputados, 14 e seis, respetivamente.
Líder do CDS-PP demite-se
Mas, a maior e mais pesada derrota da noite estava para ser anunciada. O CDS, que em 2019 elegeu cinco deputados, não conseguiu eleger nenhum deputado. O líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, assumiu a derrota e apresentou a demissão. “Estes resultados não deixam margem para dúvidas: deixei de ter condições para liderar o CDS”, disse.

Saída de Rui Rio em aberto
Se o líder centrista bateu com a porta, Rui Rio deixou-a encostada. Assumindo que o resultado ficou “abaixo” do esperado, o líder do PSD admitiu, quando estava já à espreita a maioria absoluta do PS, que este é um cenário no qual não sabe onde se encaixa: “Sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento”.
De festa foi a noite do Chega e da Iniciativa Liberal. O partido de André Ventura conquistou o terceiro lugar no pódio, ao eleger 12 deputados. Logo atrás, como quarta força política na Assembleia da República, outra das grandes surpresas da noite: a IL. João Cotrim de Figueiredo vai passar a contar com a companhia de sete liberais.

Costa agradece aos portugueses
Por esta altura, e com mais de 98% dos votos apurados, o grande vencedor da noite apareceu. Visivelmente emocionado, e de gravata vermelha (e não verde), António Costa agradeceu o “voto de confiança” dos portugueses, que “mostraram um cartão vermelho à crise política” e lhe confiaram uma maioria absoluta que, prometeu, “não é o poder absoluto, não é governar sozinho”.

Ao cair do pano, e com a eleição garantida em Lisboa, Inês Sousa Real encerrou os discursos dos líderes partidários, assumindo o “mau resultado” e anunciando uma “reflexão interna” que a direção do PAN terá de fazer. Sem grandes euforias mas satisfeito, Rui Tavares classificou a sua eleição como uma “segunda oportunidade” para o Livre. Resta saber se António Costa, agora absoluto, vai ser “fiel à palavra que deu”.