Uma maioria socialista “agridoce”, as “habilidades táticas” do primeiro-ministro, António Costa, alterações a nível eleitoral, parlamentar e da Saúde, mas também o que distingue a Iniciativa Liberal do PSD e do Chega. O líder da IL, João Cotrim de Figueiredo, responde às perguntas que os portugueses querem colocar.
Depois da eleição de oito deputados liberais, o partido que, até agora, era apenas representado pelo líder na Assembleia da República, apresenta-se com a quarta força política em Portugal.
João Cotrim de Figueiredo começa por referir que há três áreas em que a Iniciativa Liberal pretende apresentar propostas e conseguir mudanças: a reintrodução dos debates quinzenais, a atualização da Lei de Bases da Saúde e uma revisão eleitoral.
Maioria socialista agridoce
O líder da IL refere que a maioria absoluta do PS “foi uma surpresa” – o que tornou a noite eleitoral “agridoce” para os liberais – e que os socialistas não têm dado provas de “bom senso para tomar conta do aparelho do Estado”.
Explica, igualmente, que “muitas pessoas votaram por excesso de prudência ou medo” e que o Partido Socialista “fez do medo um argumento de campanha”, tanto relativamente à pandemia, como em relação a outras forças políticas.
Cotrim de Figueiredo relembra que “esta vai ser a legislatura mais longa da democracia: com eleições organizadas em janeiro e com um novo processo eleitoral apenas a “14 de setembro ou outubro de 2026”, levando a quatro anos e nove meses – previstos – de Governo de António Costa.
“Habilidades táticas” de Costa
O número um dos liberais refere, também, que, embora a IL não tenha “aritmética” de deputados para implementar medidas em Portugal, poderá sempre ter “a força para o PS assumir as responsabilidades”.
“Já me habituei às habilidades táticas de António Costa”, aponta.
Salvar o SNS
Na área da Saúde, “não [vai] conseguir a reforma que [a IL queria] para o SNS, mas qualquer ganho que [consiga] introduzir no SNS, que diminua listas de espera e o caos nos hospitais, e que cause melhor serviço”, será uma forma de o partido “honrar o voto” que os portugueses lhe deram.
Fraca oposição social-democrata
Assim, Cotrim de Figueiredo refere que a Iniciativa Liberal apresentará “um estilo de participação mais fresca, mais moderna”, depois de, nos últimos dois anos, “o PSD não ter feito real oposição ao PS”, não tendo sido “suficientemente assertivo”.
“O modelo de país que o PSD propõe, não o distingo do PS, nem parece novo, não tem espírito reformista”, acrescenta.
“Fenómeno” IL vs. Chega de “incompetentes”
O líder dos liberais acrescenta que “o fenómeno político em Portugal foi a Iniciativa Liberal” e que “o Chega tem uma visão iliberal da sociedade”, não confiando Cotrim de Figueiredo na forma como o partido de extrema-Direita “é gerido”.
“Não os achamos competentes”, sublinha, referindo que isso leva à dificuldade em entendimentos com o grupo partidário de André Ventura.
Sobre a nomeação de um vice-presidente da IL para a Assembleia da República, mas também da votação em relação ao nome proposto, para a mesma posição, mas do lado do Chega, Cotrim de Figueiredo prefere esperar pela reunião do novo grupo parlamentar liberal, composto por oito deputados, esta quinta-feira.
O que esperar dos liberais?
Sobre o que os portugueses podem esperar da parte dos liberais, o número um sublinha:
“Podem contar com uma maratona grande para tornar Portugal num país mais liberal, com consistência ideológica, com frescura na atitude” e, por fim, com “transparência”.
Assim, termina a repetir que irá trabalhar para a revisão do sistema eleitoral, propondo, nomeadamente, um círculo de compensação.
“Este sistema tem favorecido o PS”, que, diz, tem sido eficaz em “agarrar-se ao poder”, pelo que “não [espera] muita ajuda do PS” neste tópico.
Diz, ainda, que “o dia de reflexão deixou de fazer sentido”, tal como eleições em dias de feriado, ou até votações em dia único.