O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, deu a conhecer, este domingo, o programa eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março, coordenado pela deputada socialista e ex-ministra Alexandra Leitão.
A apresentação estava marcada para as 17:00, no Teatro Thalia, em Lisboa, e Pedro Nuno Santos subiu ao palco perto das 18 horas, após a abertura da sessão pela ex-ministra Alexandra Leitão, a quem se seguiu Fernando Medina com a apresentação do cenário macroeconómico do programa.
Ao longo do seu discurso de uma hora e meia , o secretário-geral do PS começou por afirmar que “é precisar mudar o que não correu bem”.
“Mudar aquilo que não correu bem”, começou por afirmar sobre os objetivos deste programa eleitoral, esclarecendo que “mudar não é destruir, não é desfazer”.
Enaltecendo que tem “orgulho no legado” do partido, Pedro Nuno Santos defendeu que é necessário “apontar para o futuro”, acrescentando que para isso “não vai apresentar as medidas como as melhores do mundo”, mas que “o povo vai compreender” e estar ao lado do PS.
"Não queremos um Portugal dividido. Esse é o projeto da direita inteira, com diferentes tonalidades", disse Pedro Nuno Santos tecendo críticas ao programa do PSD, que considera “um verdadeiro embuste”.
“Temos de mudar a autonomia”
“Queremos um Governo com autonomia e em que os ministros setoriais têm autonomia”, avançou.
O líder do Partido Socialista (PS) agradeceu a Fernando Medina pelo trabalho que fez enquanto ministro das Finanças, acrescentando que “foi mesmo com Fernando Medina” que trabalhou melhor”.
"Não foi porque não teve um compromisso forte nas contas certas", mas sim porque o ministro das Finanças “não é um ministro que controla o trabalho dos outros”, disse.
“Cortes” nas empresas
Pedro Nuno insiste na ideia que “a direita não tem resposta, não tem visão para a nossa economia”, dizendo que esta não irá permitir que haja investimento na economia.
Descreve que para a “direita inteira” a resposta é a baixa do IRC, diz, porque defende um “corte cego e transversal a todas as empresas, quem vai beneficiar são as de cima”, critica, acrescentando que é o programa do PS que irá permitir “transformar a economia”.
“Queremos construir um futuro de Portugal no topo. Não queremos Portugal na média, queremos Portugal no topo”, disse, acrescentando que “em 2023 fomos o segundo país que mais cresceu na União Europeia”.
Pedro Nuno Santos diz que nem tudo funcionou e que o Banco Português do Fomento é prova disso.
“O Banco de Fomento não funcionou. Não vale a pena o estarmos a esconder e colocarmos a cabeça na areia. Temos de revistar o Banco do Fomento a sério. Ver o que se passa na Europa e ver o que se passa com o nosso” como forma de melhorar.
“SNS está em risco nesta campanha”
Outra das áreas mencionadas por Pedro Nuno Santos no seu discurso foi a saúde, sobre o qual afirmou que o “SNS está em risco nesta campanha”.
“O projeto da direita toda junta é claro: deixar de investir no SNS e desviar recursos para o negócio do privado", acusou.
Esclareceu que o PS não é “contra o setor privado da saúde", mas “quem já teve doenças graves sabe quantas semanas durou o seguro. Não deixemos que destruam o SNS".
Pedro Nuno Santos assumiu “discordância face ao passado”.
“Não digo que o problema não é financeiro. Também é”, garantindo que quer reforçar o investimento do SNS nos " hospitais e centros de saúde".
No setor da saúde prometeu ainda rastreios auditivos e visuais para todas as crianças, acrescentando “a atribuição de óculos para crianças de famílias desfavorecidas”.
Acrescentou ainda: “Não podemos continuar a ter a saúde e a política social separadas”.
Sobre Carlos Moedas: “Entregou 1.400 casas. Sabem por quantas é responsável? Zero”
No seu longo discurso não faltou também uma referência ao presidente da Câmara de Lisbo, Carlos Moedas, e à AD.
“Ouço a AD falar de casas. Mas no tempo deles foram zero. [...] Sabem das 1400 chaves, pelas quais ele é responsável? Zero”, acusou.
“O pior é que esta mensagem vai passando”, acrescentando que é preciso “falar a verdade”.
PS quer aumentar dedução de IRS em despesas com rendas
Sobre a problemática da habitação, o líder do PS afirmou que "não é um problema tipicamente português. É transversal à Europa”, criticando que em Portugal já não se procura casa apenas para viver, mas como ativo financeiro.
Uma das medidas apresentadas este domingo por Pedro Nuno é o aumento da dedução em IRS dos gastos com arrendamento em 50 euros/ano para chegar aos 800 euros no final da legislatura.
Sobre a Porta 65, uma das medidas de apoio à habitação para os jovens, revelou que vai ser retirado o limite da medida, de forma a que nenhum jovem que concorra (e preencha os requisitos exigidos) fique excluído do apoio.
Ensino gratuito dos 0 aos 8 anos
Sobre educação, Pedro Nuno Santos afirma: "Defendo a reposição do tempo integral de serviço dos professores”, prometendo uma valorização dos salários na entrada na profissão.
“Temos de garantir que o ensino em Portugal dos 0 aos 8 anos é gratuito. Depois das creches, queremos o pré-escolar gratuito para todas as crianças em Portugal”, acrescentou.