Eleições Legislativas

PAN fala em "AD do século passado", Montenegro à defesa

Este domingo ficou marcado por um frente a frente repleto de acusações entre Inês Sousa Real (PAN) e Luís Montenegro (AD). Uma Inês “descontextualizada”, “ritmada”, que se “vitimiza” e que gosta de se “vangloriar”. No outro lado da mesa, um Montenegro que “apoia a violência contra as mulheres”.

Loading...

Foi um debate acesso e com várias provocações. Luís Montenegro (AD) e Inês Sousa Real (PAN) estiveram frente-a-frente na SIC e não se pouparam nas acusações. O sorteio ditou que começasse o PAN, que aproveitou para lançar farpas à AD.

“Um voto no PAN é um voto onde as mulheres terão direitos, direitos esses que a AD quer silenciar. Por isso, mulheres vítimas de violência doméstica terão voz com o PAN, assim como as mulheres que também sofrem de pobreza no nosso país, inclusive a nível da pobreza menstrual. Encontrarão no PAN uma voz ativa na defesa dos seus direitos, começou por dizer Inês Sousa Real.

AD com valores do século passado? PAN diz que sim

“Não podemos aceitar que uma Aliança Cemocrática venha trazer para pleno século XXI valores do século passado. Por isso, o PAN só se pode distanciar desse tipo de interesses, até porque é um sinal muito negativo para a sociedade”, apontou a porta-voz do partido das Pessoas Animais e Natureza.

Montenegro deixou Inês terminar, mas lançou um ligeiro sorriso (irónico), garantido não se rever nas declarações do PPM sobre a violência contra as mulheres e, aliás, reforçou mesmo e só as descobriu através das notícias.

“Lamento que essas declarações tenham sido preferidas. Estou até convencido que o próprio (Gonçalo da Câmara Pereira, presidente do PPM) que as terá feito esteja arrependido”

Montenegro deixou claro que a AD tem várias propostas no programa que visam a garantia de igualdade de oportunidades, em que uma mulher pode encontrar soluções para a conciliação da vida profissional com a familiar.

No entanto, Inês Sousa Real, não desculpou:

“Continua a haver aqui uma incoerência dos parceiros que Luís Montenegro escolheu”.

“Tenho que invocar a minha condição masculina para ter igualdade de oportunidades?”

Ao longo de todo o debate, foram duas as frases que se fizeram destacar. Inês Sousa Real proferiu várias vezes: “Estamos a ver a AD a silencias as mulheres”, e Luís Montenegro não concordando lá ia respondendo: ”Eu não posso aceitar que diga uma coisa destas".

“Eu acho que a Inês está descontextualizada. Está a ver um conjunto de perigos que não existem. Não existe nenhuma desvalorização da condição da mulher, pelo contrário. Estamos a pensar naqueles que são os resultados de uma governação à qual a Inês Sousa Real se associou aos últimos anos e que se tornaram trágicos para a vida das pessoas, das famílias, das mulheres e das crianças”, apontou o social-democrata.

Defesa dos animais com direito a mais um bate-boca

“Sabe que a primeira lei de proteção dos animais tem o cunho do PSD, não sabe?”, perguntou Montenegro.

Mas Inês não se deixou intimidar, respondendo de imediato: “Cunho esse que não tem honrado até aqui”.

“Essa sua tentativa de querer ver no programa na AD aquilo que não está no programa, sinceramente… é preciso fazer um debate com dignidade e verdade”, disse Montenegro.

Inês de Sousa Real defende que há um antes e um depois na Assembleia da República com PAN no que diz respeito aos direitos dos animais. Luís Montenegro discorda e pede que não fale de um legado que pertence ao PSD.

O PAN apontou que a AD defende "chacinas", como a que aconteceu na Torre Bela, onde uma caçada originou a morte de centenas de animais. E Montenegro voltou a respondeu: "Não diga isso!".

“ A AD defende a descida do IVA para as touradas e que se continue a torturar animais numa arena. Para o PAN é essencial baixar o IVA da alimentação animal e dos serviços médico-veterinários", explicou Inês Sousa Real.

Mas Montenegro não se deixou ficar:

“Do ponto de vista com as preocupações do bem-estar animal, o PAN tem de correr muito”.

Subsídio de risco para os bombeiros? PAN diz sim, AD não se compromete

Inês Sousa Real considera que, no entender do PAN, faz sentido avançar com um pacto alargado.

Questionado sobre a possibilidade de um pacto alargado para atribuição de subsídios às autoridades, Luís Montenegro acredita que tal não será possível antes das eleições.

O líder do PSD, diz que “há um problema transversal na administração pública”, que inclui tanto as forças de segurança, como as forças armadas e bombeiros.

“É necessário criar um estatuto do bombeiro. Faz sentido que possamos estudar o modelo de carreira nos bombeiros”, afirmou Montenegro.

“Votar PS ou PSD é exatamente é a mesma", acusa PAN

Inês de Sousa Real disse que um voto útil é votar no PAN. A porta-voz do PAN repetiu que o voto na AD será um "voto contra a proteção das mulheres, contra o bem-estar animal ou medidas para a sustentabilidade ambiental”.

Montenegro acusou Inês de se vangloriar “de ter conseguido na sua negociação com o PS conquistar alguns dos seus objetivos”. Sousa Real contestou.

A terminar o debate, Clara de Sousa questionou o líder da AD sobre a morte medicamente assistida, mais concretamente a eutanásia. Montenegro disse que se pronunciará depois da decisão do Tribunal Constitucional.

“A segurança jurídica é importante”, rematou.