Eleições Legislativas

Discurso completo

O discurso de António Costa no comício do PS no Porto

Ovacionado pelos milhares presentes no maior comício socialista da campanha, António Costa quis colocar "os pontos nos is" e, de armas apontadas à AD, defendeu que "eles" estão impreparados para governar. Veja o discurso completo.

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Num discurso de quase 40 minutos, António Costa subiu ao palco do comício do PS no Porto para “pôr os pontos nos is”. Saiu do guião, encarnou o Polígrafo e questionou: valerá a pena mudar de rumo?

Ovacionado pelos milhares presentes na Super Bock Arena, naquele que é o maior comício socialista da campanha, António Costa quis fazer uma viagem ao passado e recordou os oito anos de governação.

Reconhecendo que nem tudo correu bem, sublinhou que em oito anos o PS foi avaliado duas vezes, em 2019 e em 2022, sempre com notas positivas. Primeiro “pela forma como virámos a página da austeridade” e, três anos depois, pela forma “como enfrentámos a pandemia”.

“Tivemos um ‘muito bom’ nas eleições de 2022”, mas o trajeto foi ‘interrompido’ e deixou o PS numa “situação um pouco estranha”, classificou. Como “quando um aluno é sujeito a exame quando não acabou sequer o segundo período”.

Ou, “para os que são portistas”, como Pedro Nuno Santos, é como se o jogo tivesse sido interrompido, comparou o antigo secretário-geral dos socialistas.

“Estamos na situação em que o jogo com o Santa Clara em vez de ter chegado aos 90 minutos tinha acabado aos 40 minutos. (...) Interromperam o jogo, mas mesmo aos 40 minutos vamos ganhar estas eleições.”

E se a pandemia foi difícil, reconheceu, governar perante uma crise de inflação “brutal” é “muito mais difícil”, assumiu o ainda primeiro-ministro. Mas “conseguimos ir controlando”. Pelo menos é o que mostram os jornais, que agora diz ter mais tempo para ler.

“Agora tenho mais tempo para ler jornais e ontem vi que o INE calcula que a inflação já tenha abrandado para os 2,1%. Em outubro estava acima dos 10%. Sim, conseguimos controlar a inflação”, congratulou-se.

É nesse mote que deixa uma pergunta aos que ainda estão indecisos sobre em quem votar no dia 10: “Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança?”.

Para ajudar a esclarecer, e de armas apontadas à AD, quis pôr “os pontos nos is”.

“Com eles a dívida esteve sempre a aumentar, apesar dos cortes das pensões, dos salários e da subida de impostos. Connosco foi muito diferente, a dívida esteve sempre a descer desde 2016 a 2019. Mas para nós as finanças públicas sãs não são uma vaca sagrada, são uma ferramenta para fazer o necessário quando é necessário.”

“Quando a pandemia nos bateu à porta, não andámos a contar tostões. Gastámos o que foi necessário para salvar vidas. E sim, aí o défice e a dívida subiram, mas passada a pandemia fizemos o que quem governa bem deve fazer: pôr as contas em dia.”

No longo discurso, em que acusou a Aliança Democrática de estar impreparada para governar, Costa lembrou quem “votou contra a criação do Serviço Nacional de Saúde” e criticou Cavaco Silva. A menção gerou um grande coro de assobios no Pavilhão Rosa Mota e o primeiro-ministro aproveitou para ironizar.

“Não assobiem o SNS”, disse, provocando risos.

E enquanto alguns “andam preocupados com a imigração”, António Costa manifestou-se mais preocupado com a economia. Sem mencionar nomes, diz que não é por a AD “ir buscar inspiração” a anteriores primeiros-ministros sociais-democratas que “vai conseguir governar hoje”.

Mais. Deixou um aviso: a AD está a ser “contaminada” pelas ideias do Chega, a quem “diz para sair pela porta”, mas depois deixa entrar “pela janela”.

A uma semana das eleições, António Costa entrou na campanha eleitoral para apoiar Pedro Nuno Santos. O ex-líder socialista também deverá participar na tradicional descida do Chiado, em Lisboa, na próxima sexta-feira, último dia de campanha.