Inês Sousa Real diz que o PAN não vai abdicar das suas convicções e rejeita formar alianças com forças políticas com quem mantém "divergências ideológicas", mensagem que esta terça-feira transmitiu a Marcelo Rebelo de Sousa.
“Num cenário hipotético em que efetivamente não haja qualquer tipo de coligação com o Chega e em que matematicamente todos os partidos sejam necessários, deixamos bem claro que os valores que representamos são irrenunciáveis”, afirmou Inês Sousa Real no final da reunião com o Presidente da República, no Palácio de Belém.
“Somos uma força progressista, não queremos ter qualquer retrocesso no nosso país em matérias que o PAN tem representado na Assembleia da República, como é o caso dos direitos das mulheres, como é o caso da proteção animal ou da proteção ambiental. E há claramente aqui divergências ideológicas que nos separam de algumas forças políticas.”
Questionada se isso exclui o apoio a um governo liderado por Luís Montenegro, Inês Sousa Real não rejeita completamente, mas defende que seria um cenário improvável. “Acho muito difícil que a Aliança democrática se aproxime dos valores do PAN”, aponta.
A líder do PAN lamenta que Marcelo Rebelo de Sousa esteja a ouvir os partidos com assento parlamentar antes de conhecidos os resultados finais das eleições legislativas (falta apurar os círculos da Europa e de fora da Europa), uma vez que ainda é matematicamente possível um empate técnico entre PS e PSD.
“Não sabemos quem é que estará em condições de formar governo”, nota. “Teremos que aguardar para perceber qual a formação governativa que vai sair”.
Além disso, ressalva Inês Sousa Real, com uma deputada única, o PAN não tem “expressão matemática para viabilizar o governo - essa responsabilidade caberá aos partidos que têm neste momento essa expressão, e não ao PAN", diz.
O Presidente da República começou esta terça-feira a ouvir os partidos e coligações que elegeram deputados nas eleições de domingo, um processo de auscultação que termina no dia 20 com a AD.
Marcelo Rebelo de Sousa vai receber na quarta-feira o Livre, na quinta-feira a coligação CDU (PCP/PEV), na sexta-feira o BE e no sábado a Iniciativa Liberal.
Na próxima semana, será a vez de ouvir, no dia 18 o Chega, no dia 19 o PS e no dia 20 a Aliança Democrática (AD), coligação que juntou o PSD, o CDS-PP e PPM.