Eleições Legislativas

Análise

Governo da AD com ministros da IL? "Seria entrar em mais problemas de divisão de quintas"

No dia em que tem início a contagem de votos dos emigrantes, Eunice Lourenço, editora de política do Expresso, faz a análise da atualidade política em "tempos muito incertos e muito imprevisíveis".

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Começaram hoje a ser contados os votos dos emigrantes portugueses. Em todo o mundo votaram perto de 300 mil pessoas que vão escolher os quatro lugares por preencher no Parlamento, que podem alterar a posição de força entre AD e PS.

O resultado será conhecido esta quarta-feira. Alexandra Leitão, do PS, defende que os socialistas devem ser chamados a governar, caso consigam superar a Aliança Democrática no final da contagem dos votos da emigração. Eunice Lourenço, editora de Política do Expresso, analisa as declarações de Alexandra Leitão e os cenários políticos que se podem colocar após a divulgação dos resultados finais.

“Interpretei como uma constatação de facto, porque se esta votação da imigração mudar aqui os resultados, lembro que a diferença entre AD e PS está nos 50 mil e picos votos (…) o PS e o PSD estão neste momento empatados em mandatos, mas a AD tem mais dois mandatos, que são os dois mandatos e do CDS”, diz a editora de Política do Expresso.

“Os votos foram na AD, portanto, o partido mais votado neste momento, a coligação, é a AD. Ainda que as coligações terminem na noite das eleições, o processo eleitoral ainda não acabou. O que é facto é que nós estamos com números muito próximos, com muito pouca vantagem da AD e depois com uma outra situação que é a esquerda, a tal esquerda, que na campanha se mostrou disponível a entendimentos”, refere Eunice Lourenço que realça a existência de dois blocos muito par a par e depois um novo grande bloco, que é o bloco do Chega, que vai ser recebido esta segunda-feira pelo Presidente da República.

Sobre a audiência entre Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, a editora de Política destaca a imprevisibilidade do líder do Chega.

"Tanto é capaz de ter atitudes de aparente sentido de Estado, como é capaz de ser um líder truculento que critica o Presidente da República, que por um lado se manifesta disponível para acordos com AD, por outro lado diz, como dizia ao Expresso esta semana, que isto é para durar o mínimo de tempo possível e que derrubará um governo da AD rapidamente. Portanto, não sei qual é a atitude que André Ventura hoje levará a Belém, posso presumir, porque acho que é o mais previsível que se apresente lá com o tal sentido de Estado que por vezes André Ventura faz questão de mostrar".


Sobre a eventual composição do futuro Governo, Eunice Lourenço considera que terá de ter “enorme capacidade política e grande capacidade executiva, porque aquilo que esse governo terá de tentar fazer é dar resposta rápida a vários problemas e reivindicações”.


“É possível governar em boa parte sem ir ao Parlamento e, portanto, mostrar bastante trabalho antes de enfrentar novos desafios no Parlamento, seja um orçamento retificativo que pode dispensar seja orçamento de Estado para 2025, que será o grande teste”, explica

Governo da AD com ministros da IL?

Em relação a um eventual acordo entre AD e Iniciativa Liberal (IL), Eunice Lourenço não parece acreditar muito nessa hipótese avançada pelo comentador da SIC, Luís Marques Mendes, também porque a IL “não representa nenhum valor acrescentado em termos numéricos”.

“Estranho um bocadinho as informações do doutor Marques Mendes de que a Iniciativa Liberal irá para o Governo e com dois ministros, ora dar dois ministros à Iniciativa Liberal, isso representaria dar o quê ao CDS, que é um partido que não contou votos, mas que terá somado votos à AD. Penso que seria entrar aqui em mais problemas de divisão de quintas do que propriamente ter uma grande mais-valia, mas nós vivemos tempos de facto muito incertos e muito imprevisíveis e tudo pode acontecer”, conclui.