Numa iniciativa em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, Mariana Mortágua falou sobre a notícia do Correio da Manhã (CM) que, na edição desta quarta-feira, revela que a empresa da família de Luís Montenegro mantém a sede na sua casa em Espinho, apesar de este ter dito há quase três meses que iria mudar de local. A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que "não há nenhuma novidade".
"A Spinumviva é Luís Montenegro. Não existe Spinumviva além de Luís Montenegro. Era, é e continua a ser. E quem pensa em votar AD, eu penso que se deve lembrar que está a votar num homem que, quando era primeiro-ministro, recebeu avenças de uma empresa na sua esfera pessoal, sabendo que não as podia receber", criticou.
Apesar de entender que Montenegro devia ter dado mais explicações sobre a sua empresa familiar, Mortágua recusou "resumir uma campanha eleitoral ao caso Spinumviva".
A líder bloquista colocou "de um lado" a campanha da direita, da AD, "que se recusa a falar de quem trabalha", está "enredada em casos" e "não responde com transparência pelas responsabilidades que têm na gestão do país e da República", e contrapôs que o BE, por outro lado, é o partido que "insiste em fazer desta campanha a campanha de quem trabalha".
Questionada sobre a hipótese levantada pelo Livre de apresentar uma comissão parlamentar de inquérito ao caso após as legislativas, a bloquista também não comentou. Repetindo que o seu foco está nas legislativas de domingo, Mariana Mortágua realçou que a campanha está a entrar na reta final, e quer utilizar os últimos dias para "dizer a todas as pessoas que trabalham, que têm uma vida dura, difícil, que é possível mudar de vida".
"Notem como a direita e o PS, passaram esta campanha inteira e ninguém, não se ouve a direita a falar sobre o trabalho", criticou.
A coordenadora do BE, ladeada pelo fundador bloquista que é cabeça de lista por Aveiro, Luís Fazenda, aproveitou o momento para fazer um apelo direto ao voto das pessoas que "trabalham, têm uma vida dura, trabalham por turnos, fazem horas extraordinárias, lutam para chegar ao fim do mês".
"É a todas elas que eu peço o voto, é a todas elas que eu apelo ao voto no Bloco de Esquerda, porque sabem que cada deputado do Bloco conta para fazer estas leis. Nós defendemo-las, fizemos petições, fomos para a porta das fábricas falar com as pessoas, a pedir e a exigir reforma antecipada para quem trabalha por turnos. É essa lei que vamos levar ao parlamento, e quanto mais deputados do Bloco houver para a defender, mais perto e mais rápido ela chegará", sublinhou.
Ao seu lado, Luís Fazenda, que é cabeça-de-lista no mesmo distrito dos líderes da AD - coligação PSD/CDS-PP, Luís Montenegro, e do PS, Pedro Nuno Santos, foi questionado sobre o antídoto que o BE pode utilizar contra o "vírus" do voto útil.
"O antídoto é ser muito firme nas propostas que apresentamos", começou por responder, enumerando as bandeiras do partido para defender trabalhadores por turnos, ouvidos hoje por si, pela coordenadora do partido e pelo antigo deputado bloquista Moisés Ferreira, num formato de conversa.
"As pessoas necessitam ser livres para ter saúde, para ter emprego, para viver o seu tempo, para viver o futuro. Esse é o nosso combate, foi sempre o combate do BE, continua a ser o combate do BE", afirmou o fundador.
O BE elegeu pela primeira vez em Aveiro em 2009. A representação manteve-se nas eleições de 2011, 2015 e 2019, e foi perdida em 2022.
Com LUSA