Miguel Prata Roque afirma que o PS se acomodou ao poder e deixou de estar com as pessoas. O socialista considera que os dirigentes do PS falharam, apesar de não querer "personificar” a derrota do partido em Pedro Nuno Santos.
Em entrevista à SIC Notícias, depois de, esta segunda-feira, ter feito uma declaração política em que afirmou que o "PS ou abre janelas ou sufoca", Miguel Prata Roque admite que a base eleitoral que era dos socialistas está “descontente”.
Afirma que há eleitorado que estudou, que trabalha e que agora está desiludido com a forma como são redistribuídos os recursos
“O PS acomodou-se demasiado ao poder”, apontou Miguel Prata Roque. “Deixou de sentir as ruas, deixou de estar com as pessoas, deixou de compreender quais são os problemas concretos.”
“Falhámos nalgum momento”, reconheceu, sublinhando que “não podem ser os portugueses que estão enganados”. “Quem esteve enganado foram os dirigentes do PS”, declarou.
Nova liderança do PS em junho? Demasiado cedo, diz
Miguel Prata Roque diz não querer personificar a derrota eleitoral na liderança do PS - apesar de admitir que se terá criado a imagem de que Pedro Nuno Santos era um “extremista”. Sublinha que era apoiante daquele líder e que achava que Pedro Nuno conseguiria abrir o partido à sociedade civil, mas que o objetivo falhou.
Afirmando estar “farto da pessoalização da vida política” e da ideia de que um novo líder irá “resolver todos os problemas”, o socialista mostra-se contra a precipitação de eleições internas.
Miguel Prata Roque discorda que o partido vá a eleições já em junho, como está a ser calendarizado. Alega que “é preciso tempo” para o PS “fazer o diagnóstico do que é preciso ser mudado”. Defende que se dê tempo para ouvir aqueles que se afastaram do partido.
Ainda assim, aponta que o próximo secretário-geral socialista precisará de ser uma pessoa “desempoeirada, que consiga falar com as pessoas e semear esperança”.
CPI à Spinumviva? É para manter
Questionado sobre se, perante a vitória da AD e a demissão de Pedro Nuno Santos, deve cair a ideia da comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spinumviva, Miguel Prata Roque afirma que não.
“Eleições não substituem ética e transparência”, defendeu.
“Seria incompreensível que o PS não propusesse essa comissão de inquérito”, concluiu.