Para percebermos o poder atual das forças políticas importa olhar para a imagem do país pintado. Não há dúvidas de que o PS perdeu terreno - e muito. Quatro distritos que há um ano liderava perdeu para a AD e outros três distritos para o Chega. Restou-lhe o bastião de Évora. Conhecidos os resultados, praticamente finais, começam agora a desenhar-se os possíveis cenários para perceber de que forma pode a AD governar.
Cenário 1
No primeiro cenário os três deputados do PCP apresentam uma moção de rejeição ao programa do Governo, tal como aconteceu há um ano. No entanto, partindo do princípio de que o Chega não vota a favor, fica anulada a hipótese de o Governo ser viabilizado apenas pelo PS. Ou seja, o Chega deixa Luís Montenegro avançar.
Nesse caso, ao Presidente da República resta confiar na palavra de André Ventura para avançar com a nomeação do primeiro-ministro.
Cenário 2
Segundo cenário: nenhum partido apresenta uma moção de rejeição. Aqui, o Governo tem caminho livre e passa automaticamente sem precisar de levar o programa a votos.
Cenário 3
O terceiro cenário é uma viabilização do programa do Governo com os votos favoráveis da AD, do PS e do Chega.
Sem líder, os socialistas não estarão em condições de avançar com uma moção de rejeição, nem de votar a favor de uma eventual apresentada pelo PCP.
O PS deixa, assim, de conseguir chumbar o Governo sozinho.
Cenário 4
Isso leva-nos ao quarto cenário. A partir de agora, a direita toda junta passa a controlar dois terços do Parlamento, o necessário para eventuais revisões constitucionais.
A acontecer, será a primeira vez na história da democracia portuguesa que o PS fica de fora dessas contas.
No entanto, é tido como pouco provável que a AD e a Iniciativa Liberal se entendam com o Chega para aprovar qualquer alteração à Constituição portuguesa.
Cenário 5
O último cenário está ligado ao Orçamento do Estado. A partir de agora, a AD passa a ter mais deputados que a esquerda toda junta, mas pode precisar do PS se o documento ou alguma das medidas não agradar ao Chega.
Ou seja, os socialistas passam a ter apenas influência positiva. O Chega passa a ser uma força de bloqueio apenas com o apoio do PS.