As concordâncias entre "os vizinhos" Paulo Raimundo e Rui Tavares num debate em tom de conversa
Nuno Fox

Terminado

Debates

As concordâncias entre "os vizinhos" Paulo Raimundo e Rui Tavares num debate em tom de conversa

Na SIC Notícias, os candidatos da CDU e do Livre estiveram frente-a-frente, com tom e postura de conversa que só a questão do investimento na Defesa e da Ucrânia 'abalou'. Este, que foi para ambos o segundo debate da maratona de 28 rumo às eleições legislativas, foi o único debate desta quarta-feira. Reveja os principais momentos do debate e a análise, e notas, dos comentadores SIC.

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Paulo Raimundo e Rui Tavares: quais as notas do debate?

Em análise, o debate entre o líder da CDU, Paulo Raimundo, e o porta-voz do Livre, Rui Tavares. Quem teve melhor desempenho? As notas dos comentadores da SIC.

"Vizinhos" Paulo Raimundo e Rui Tavares em debate-conversa sobre o (pouco) que os separa

O único frente-a-frente do dia foi mais uma conversa entre bons “vizinhos”. Apenas a questão da guerra na Ucrânia e do reforço do investimento em defesa separa Paulo Raimundo (CDU) de Rui Tavares (Livre). Na habitação, ambos admitem apoiar as diferentes medidas que sugerem para combater a crise no setor, e quanto ao pós-18 de maio, o importante “não é quem fica em primeiro lugar” mas uma “maioria" que faça um ”tipo de política com que as pessoas contam".

O debate CDU - Livre na íntegra

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O único frente-a-frente do dia foi mais uma conversa entre bons “vizinhos”. Apenas a questão da guerra na Ucrânia e do reforço do investimento em defesa separa Paulo Raimundo (CDU) de Rui Tavares (Livre). Na habitação, ambos admitem apoiar as diferentes medidas que sugerem para combater a crise no setor, e quanto ao pós-18 de maio, o importante “não é quem fica em primeiro lugar” mas uma “maioria" que faça um ”tipo de política com que as pessoas contam".

PCP não diz se Livre é ameaça, mas está "confiante" no reforço de deputados

Questionado sobre se o Livre é uma ameaça para o PCP, Paulo Raimundo não responde diretamente. "Somos vizinhos", assinala Rui Tavares.

O líder do PCP nota que a CDU congrega comunistas, ecologistas e muitos independentes e declarou-se "muito confiante" num "reforço em votação e em número de deputados".

O secretário-geral comunista termina com duas garantias, piscando o olho a alianças futuras à esquerda: "Nunca será pela nossa mão que a direita e a política de direita se impõem e, connosco, nunca faltarão soluções à vida das pessoas".

Rui Tavares: "Isto não é a superliga de futebol"

E quanto a acordos de futuro? Rui Tavares criticou desde logo, como fez à chegada à SIC, o apelo de Pedro Nuno Santos ao voto útil "mais de um mês antes" das eleições" e questiona: "O que vão dizer na véspera?"

O caminho deve ser alcançar "maiorias que permitam com coesão, coerência, fazer o tipo de política com que as pessoas contam, isso é parlamentarismo. Não é quem é que fica em primeiro lugar, porque isto não é a superliga de futebol", afirmou. "O buraco em que a política nos tem metido nos últimos anos, com a chantagem dos maiores partidos que nos pedem estabilidade, mas o que querem é poder", apenas e só.

"É preciso arrefecer o segmento de luxo" na habitação

Defendendo que "para ser livre, uma pessoa precisa de ter uma casa", Rui Tavares destaca que "é isso que muitas vezes diferencia a Esquerda da Direita, para eu ser livre tenho de ter a segurança de que o meu irmão não vai dormir debaixo da ponte". E como é possível intervir? "Temos que intervir sobre o mercado de forma a travar quem compra casas em Portugal, insensível ao preço, e que está a levar o mercado habitacional para o segmento de luxo. O mercado tem de ser protegido pela taxação - o que arrefecererá o segmento de luxo. Mas é possível fazer mais. Temos a última oportunidade de fazer cidade: com quartéis esvaziados, ex-hospitais que estão a ser transformados em hotéis, este é o meu receio com a AD e com a IL".

Habitação: PCP quer chamar a banca a assumir responsabilidades

Paulo Raimundo diz que há dois dramas fundamentais na vida dos portugueses: o acesso à habitação e o acesso à saúde. Jovens e mulheres são os mais prejudicados, alerta. Precisam de "estabilidade".

"A nossa proposta é dar garantias e prolongar os contratos de arrendamento o mais possível - estabilidade no tempo e no valor da renda", repara o líder comunista.

"Podemos ter todas as casas, mas, se não forem casas que as pessoas possam comprar ou alugar, não vale pena", comenta o secretário-geral comunista, defendendo, por isso, também medidas que travem a especulação.

"Uma casa é uma vida" e "hoje temos gente empurrada para fora das suas casas", constata Paulo Raimundo.

Para a CDU, é preciso chamar à mesa "um dos principais responsáveis: a banca". Diz Paulo Raimundo que os lucros da banca no último ano davam para construir 140 mil casas e resolver as propinas dos estudantes durante 25 anos". "É possível isto continuar assim?", questiona.

Rui Tavares: "Precisamos de mais dois Ds: dinamismo e dignidade"

"Com que é que Portugal ganha mais se não com uma distribuição que permita às pessoas criar oportunidade económica" e com "novas formas de fazer funcionar o elevador social", como é disso exemplo, sugere, "o imposto sobre heranças" igual ao que existe na vizinha Espanha. Mais. "Aos três D's do 25 de Abril acrescenta mais dois: dinamismo e dignidade". Mas para isso é preciso que "as pessoas tenham oportunidade económica para tomar decisões".

"Olhar para as questões macro, mas não passar ao lado das respostas concretas para a vida das pessoas"

O líder do PCP admite apoiar a medida do Livre, mas chama a atenção de que é preciso mais para assegurar, ao máximo, a estabilidade da vida da famílias. Isso faz-se, por exemplo, através da garantia do acesso às creches.

Também para ajudar as famílias, em termos fiscais, sugere que os impostos sobre a energia passem para a taxa mínima de IVA.

"Temos de olhar para as questões macro, mas não podemos passar ao lado das respostas concretas para a vida das pessoas", defende Paulo Raimundo.

"Precisamos de investir no futuro" sem "nenhum recuo nos direitos e estado social clássicos"

Sobre a medida proposta pelo Livre para quem nasça em Portugal, Rui Tavares explica se Portugal "estivesse fora da UE, a nossa tarifa [aplicada pela administração Trump] não era de 20 era de 26%", pelo que, "muito provavelmente, o próximo Parlamento vai ter de pensar num Orçamento Rectificativo".

Mas há uma questão, disse, em que "concordamos: bastava aplicar a fortunas acima de 100 mil milhões um imposto de 2% e conseguiamos pagar esse esforço. Em Portugal, precisamos de investir no nosso futuro e por menos dinheiro do que o IRS Jovem está a dar podemos criar uma conta poupança que dê um bom rendimento para gente que viva em Portugal, seja residente", e sem "nenhum recuo nos direitos e estado social clássicos".