Eleições nos EUA

Análise

Debate presidencial "será mais importante para Kamala" que "terá de mostrar desempenho"

Germano Almeida, comentador da SIC, considera que "não é num debate de 90 minutos que se mostram os grandes temas e os grandes programas" de Trump e Kamala Harris, que têm frente a frente agendado para esta terça-feira.

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Donald Trump e Kamala Harris defrontam-se pela primeira vez num debate esta terça-feira – em Portugal será na madruga de quarta-feira -, um momento muito aguardado que Germano Almeida, comentador da SIC, acredita que será determinante para a candidata "mostrar desempenho" até porque pela frente terá Trump que irá para o seu sétimo debate presidencial.

"Numa era de fragmentação de conteúdos", começa por notar Germano Almeida, "não há nada que se compare a um momento como um debate presidencial", devido à exposição mediática que proporciona aos candidatos.

Ainda assim, o comentador acredita que o frente a frente "será mais importante para Kamala Harris":

"Este é o sétimo debate presidencial de Trump, que vai na terceira candidatura presidencial seguida, e Kamala Harris teve um debate vice-presidencial há quatro anos, onde se deu bem com Mike Pence, mas era como vice-presidente. É a primeira vez que vai estar a debater para ser Presidente e, nesse sentido, acho que o grande teste é para ela e não para ele".

Germano Almeida considera que o debate desta terça-feira servirá para a candidata "mostrar desempenho" e "não tanto para esclarecer" os norte-americanos sobre o seu plano de governação e justifica dizendo que "não é num debate de 90 minutos que se mostram os grandes temas e os grandes programas".

Confessa estar expectante quanto à estratégia que Donald Trump irá adotar, nomeadamente se estará "muito ao ataque daquilo que considera que Kamala não estará preparada".

No outro lado da moeda, há expectativas sobre "que tipo de ataques Kamala vai ter, sobretudo, relativamente à questão do perigo se Trump voltar" à Presidência.

Durante o debate desta noite, os candidatos não poderão tirar notas, interagir com as respetivas equipas durante os dois intervalos, fazer perguntas um ao outro, nem tirar notas. Para além disso, os microfones estarão desligados quando o adversário estiver a falar.

Posto isto, quem tirará maior vantagem destas regras? O comentador recorda que a 27 de junho, dia em que Trump debateu contra Joe Biden, as regras foram exatamente as mesmas e, "obviamente, Trump esteve melhor porque Biden teve um debate absolutamente desastroso".

No entanto, ressalva que o ex-Presidente esteve melhor "por comparação, mas a verdade é que também não esteve espetacular nesse debate".

"Antes de 27 de junho parecia que as regras de microfones desligados beneficiavam o opositor de Trump porque não tinha de levar com os seus insultos, ataques, interrupções (...) sucede que as coisas mudaram porque Kamala quer manter a estratégia de colocar Trump como um bully que não respeita regras, até lhe interessava que milhões de americanos percebessem que Trump não estava a respeitar as regras", afirma.

O comentador prossegue a sua análise esclarecendo que os dois aspirantes a Presidente, "por razões distintas, são candidatos completamente diferentes":

"Kamala com a lição estudada, segura, embora não brilhante na entrega da mensagem (...) Trump no estilo fora da rede, com o estilo que os americanos conhecem perfeitamente".

Germano crê que o ex-chefe de Estado quer que o debate seja sobre economia e sobre imigração, já Kamala prefere debater temas como a defesa da democracia, aborto, alterações climáticas ou direitos das minorias.

"Se Trump tiver um bom debate é porque, eventualmente, a economia e a imigração vão prevalecer, se Kamala tiver um bom debate é porque, eventualmente, a questão da defesa da democracia, dos direitos das minorias e da América como uma sociedade diversa será algo que vai prevalecer", conclui.