Nasceu e cresceu no Algarve onde despontou como uma jogadora de ténis. Foi, assim, com estatuto de atleta de alta competição que Priscila Duarte foi estudar para a Flórida, onde fez todo o ensino superior e acabou por ficar a viver, trabalhando hoje na indústria hoteleira na luxuosa ilha de Palm Beach, muito perto de Mar a Lago.
Priscila não olha para a política americana com a paixão e as divergências que hoje caracterizam quase toda a política americana, mas é clara a sublinhar as diferenças entre o seu longo e difícil processo de obtenção da cidadania americana e o que hoje é atribuído a alguns imigrantes, em particular os que conseguem estatuto de refugiado.
Na curta conversa com a SIC explica porque a imigração se transformou num tema central da política, mesmo num estado como a Flórida, em que uma enorme parte da população é imigrante ou descende de imigrantes. Em quase todos os estudos de opinião, a imigração surge no topo das preocupações, logo a seguir ao custo de vida e à economia. O único tema que sai fora do “guião” de Trump é o aborto, que pode estar a mover muitas eleitoras mulheres no caminho de Kamala Harris.
Já ontem, num almoço com a comunidade portuguesa de Palm Coast (trezentos quilómetros a norte de Palm Beach) a equipa da SIC pode constatar que que o sentimento é esmagadoramente pró-Trump. Nesse caso eram sobretudo imigrantes que chegaram aos EUA na década de 70 e 80, muitos deles em situação ilegal.
O caso de Priscila Duarte é muito diferente. Imigrou para a Flórida em condições totalmente diferentes, como estudante e jogadora de ténis de alta competição. Mas as conclusões políticas não são muito diferentes: muitos imigrantes portugueses olham para as atuais regras da imigração - ou para as perceções que têm dessas regras - como sendo muito diferentes das suas. E isso acaba por ter uma implicação muito direta no voto.