Eleições nos EUA

Análise

Trump nomeia Musk: "Vai ser certamente cortar a eito, muita gente estará já à procura de emprego"

Ricardo Alexandre analisa a transição de poderes na Casa Branca, as derradeiras diligências diplomáticas da Administração Biden e as as escolhas de Trump, nomeadamente Elon Musk para chefiar um novo departamento de "eficiência governamental".

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O secretário de estado norte-americano está esta quarta-feira em Bruxelas. A visita de Antony Blinken serve para discutir com os parceiros europeus o acelerar da ajuda à Ucrânia, antes da tomada de posse de Donald Trump, que Joe Biden recebe também esta quarta-feira na Casa Branca. É o primeiro encontro entre o Presidente em funções e o Presidente eleito, desde as eleições da semana passada que ditaram a vitória do republicano. Ricardo Alexandre diz que Biden, que já prometeu uma transição de poder pacífica, vai dar "uma lição de democracia e de integridade" a Trump.

Sobre a deslocação de Blinken a Bruxelas e o que a Administração Biden ainda pode decidir neste momento, o comentador da SIC explica:

"Pode decidir tudo, é um Governo no exercício das suas funções, na plenitude das suas funções até 20 de janeiro, portanto, ainda faltam 2 meses e uma semana e certamente que a Administração de Biden vai aproveitar este tempo para reiterar de todas as formas possíveis o compromisso assumido com a Ucrânia. isto é, continuar a armar a Ucrânia, vai tentar fazê-lo até ao fim. Sabemos das dificuldades que a Ucrânia está a passar no terreno. Os avanços das forças russas, embora lentos, têm sido progressivos e diria significativos".

Esse será um dos temas abordados na reunião entre Biden e Trump. Esta será uma transição pacífica, na qual Trump vai "receber uma lição de democracia e de integridade", ao contrário do que aconteceu há quatro anos.

"Pela primeira vez em mais 200 anos de democracia nos Estados Unidos isso não aconteceu, mesmo assim, como sabemos, foi na semana passada recompensado nas urnas, mas vai ter agora uma transição pacífica de poderes, como deve acontecer em qualquer democracia. É isso que Joe Biden lhe vai lhe vai ensinar. Para além disso, espera-se que, é assim que costuma acontecer também e é para isso que servem os períodos de transição, que Joe Biden lhe dê conta de quais são os assuntos que estão pendentes", lembra Ricardo Alexandre.

As questões internacionais, o relacionado com o Médio Oriente, como também em relação à Ucrânia vão estar em cima da mesa no encontro entre o atual Presidente e o Presidente eleito.

"A Ucrânia vai ser certamente forçada a ceder a algum território a assumir um cessar-fogo que deixe o conflito congelado (...) muito provavelmente com a pressão de uma Administração Trump é isso que vai acontecer", tanto mais que o futuro chefe da diplomacia dos Estados Unidos defende que é preciso investir dinheiro, tempo e recursos no Pacífico, por valorizar sobretudo a ameaça que considera que a China constitui.

Nas novas escolhas para a futura Administração norte-americana, são conhecidos mais nomes, incluindo o de Elon Musk.

"Vai ao encontro do que é uma espécie de senha persecutória de Trump em relação à máquina da administração pública federal nos Estados Unidos (...) Trump prometeu durante a campanha cortar uma série de serviços federais. Há muita gente que certamente estará já nesta altura à procura de emprego porque, conhecendo o estilo de cortes que Elon Musk costuma fazer e tendo ele carta branca para o fazer, vai ser certamente cortar a eito", considera Ricardo Alexandre.

O comentador da SIC explica ainda que Trump quer oferecer aos americanos o que designa por "Projeto Manhattan" no dia 4 de julho de 2026, quando se assinalarem 250 anos da Declaração de Independência.

O objetivo do Presidente eleito será "oferecer um Estado mais mais magro, com muitos cortes na burocracia federal, vamos ver que consequências é que isso tem", refere Ricardo Alexandre.