Eleições nos EUA

Futura administração Trump: as "inesperadas" e "polémicas" nomeações

O senado norte-americano ainda tem de aprovar as indicações do futuro presidente, mas as escolhas estão feitas.

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O futuro presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciou nas últimas semanas uma série de nomes que vão formar o governo norte-americano: alguns inesperados, sem experiência politica e muitos polémicos, mesmo entre os republicanos.

Robert F. Kennedy Jr. como chefe do Departamento de Saúde e Serviços Humanos

O vencedor das eleições norte-americanas entregou a pasta da Saúde a Robert F. Kennedy Jr., sobrinho do presidente John F. Kennedy e filho do antigo procurador-geral Robert F. Kennedy, que vem de uma longa e icónica linhagem de democratas, tendo sido ele próprio um destacado membro do partido.

“Ele vai tornar a América saudável outra vez. Há coisas que ele quer fazer e nós vamos deixá-lo fazê-las”, disse Donald Trump sobre Kennedy Jr. no discurso de vitória que fez após as eleições.

Kennedy Jr. foi candidato às presidenciais deste ano, mas desistiu da corrida em favor de Trump, que quer retribuir, nomeando-o como chefe do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos da América.

A escolha de Kennedy Jr. para ocupar a pasta da Saúde ganha contornos controversos por este ter sido uma voz audível no movimento da desinformação quanto às vacinas. Assumiu-se contra a vacinação durante a pandemia de Covid-19 e até chegou a afirmar falsamente que as vacinas estavam ligadas ao desenvolvimento de autismo ou a questões relacionadas com confusão sexual e de género nas crianças.

Matt Gaetz como Procurador-Geral

Para Procurador-Geral dos Estados Unidos, Trump escolheu Matt Gaetz, acusado por muitos de ser “radical” e “populista”, colocando no cargo uma figura leal que terá de lidar com os múltiplos casos que o líder republicano enfrenta na justiça.

Se o Senado aprovar, Gaetz ficará à frente da instituição responsável pelas investigações a Donald Trump e que também investigou o próprio por suspeitas de tráfico sexual a envolver menores, bem como uso ilícito de drogas, que o congressista sempre negou.

Em comunicado, o futuro presidente explicou a sua escolha argumentando que "Matt acabará com o governo armado, protegerá as fronteiras, desmantelará organizações criminosas e restaurará a fé e a confiança bastante abalada dos americanos no Departamento de Justiça".

Todd Blanche como número dois do Departamento de Justiça

Para numero dois do departamento de justiça, Donald Trump aposta em Todd Blanche, o advogado que o defendeu no julgamento pelo pagamento irregular a uma atriz pornográfica.

Blanche participou também nos dois julgamentos de Trump conduzidos pelo procurador especial Jack Smith por interferência eleitoral, num tribunal federal de Washington, e pelo manuseamento indevido de documentos confidenciais na residência privada em Palm Beach, na Florida.

Em comunicado, Trump destacou a experiência de Blanche à frente da Procuradoria Federal do distrito sul de Nova Iorque e referiu que a liderança deste vai ser crucial para corrigir "um sistema judicial quebrado há demasiado tempo".

Marco Robio como Secretário de Estado

Entre os mais recentes nomes anunciados pelo futuro presidente norte-americano, está ainda Marco Rubio, atual senador republicano da Florida, para Secretário de Estado.

"Será um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará perante os nossos adversários", justificou Donald Trump, em comunicado, sobre a escolha de Rubio.

Após ter sido um crítico de Trump no passado, o político latino conservador, conhecido como um "falcão" em relação à China, Cuba e Irão, regressa à esfera de influência do próximo líder da Casa Branca, assumindo a chefia da diplomacia de Washington e uma das pastas mais sensíveis do novo executivo.

Pete Hegseth como Secretário da Defesa

Pete Hegseth, no cargo de Secretário da Defesa, vai dirigir o Pentágono num contexto de crescentes conflitos a nível mundial.

Nome conhecido entre os norte-americanos, Hegseth construiu uma sólida presença como comentador de televisão e defensor das políticas conservadoras de Trump. Fez parte da Guarda Nacional do Exército e cumpriu serviço militar no Iraque e no Afeganistão, que lhe valeram duas estrelas de bronze.

Sem experiência política, e que, até agora, era apresentador do programa "Fox & Friends", da Fox News, Pete Hegseth opõe-se ao serviço de mulheres no éxercito.

A escolha gerou reações mistas em Washington: enquanto alguns republicanos consideram a sua experiência de combate um trunfo para o cargo, outros expressaram reservas sobre a falta de experiência de Hegseth em cargos de alta responsabilidade e sobre a sua capacidade de adaptação aos complexos desafios na área da Defesa.

Mike Huckabee como embaixador norte-americano em Israel e Elise Stefanik como embaixadora na Organização das Nações Unidas (ONU)

A juntar à lista está ainda Mike Huckabee, que nega a existência da Cisjordânia e que será o embaixador em Israel e, para embaixadora dos EUA na ONU, Elise Stefanik, uma republicana que decidiu não manter o apoio à adesão da Ucrânia à NATO, levantando grandes preocupações sobre o futuro do apoio dos EUA a Kiev

Elon Musk como chefe de novo departamento de “eficiência governamental"

Elon Musk ficará à frente de um departamento que quer fazer cortes drásticos nos gastos do Governo, para onde está a recrutar pessoas dispostas a trabalhar mais de 80 horas semanais.

O republicano anunciou que pretende nomear o dono da Tesla e da rede social X, que desempenhou um papel inédito na sua campanha, juntamente com o empresário republicano Vivek Ramaswamy.

Depois desse anuncio, o euro caiu face ao dólar, tendo vários analistas antecipado um cenário de paridade devido à política económica protecionista de Trump.