“Chamo-me Tiago Mayan Gonçalves e sou o primeiro candidato genuinamente liberal a Presidente da República”, declarou na apresentação da sua candidatura às eleições presidenciais, a 25 de novembro de 2020.
Tem 43 anos, nasceu e cresceu no Porto no seio de uma família de cientistas. Na infância era voraz na leitura (e ainda hoje é). Lia enciclopédias, revistas científicas e bandas desenhadas.
Até ao nono ano achou que ia seguir as pisadas dos pais e dedicar-se à ciência porque gostava muito de fazer experiências químicas. Mas depois veio a incerteza. Optou por seguir o caminho das Ciências Sociais e acabou por se formar em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. Atualmente, é advogado.
Gosta de praticar desporto, especialmente de correr no Parque da Cidade do Porto. Nos últimos dias fez uma corrida por Belém, acompanhado pelo líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo.
É voluntário na Refood na Foz do Douro, que ajudou a fundar, há mais de seis anos.
Esteve envolvido nas campanhas e movimento “Porto, o Nosso Partido” que elegeu Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 2017, e é membro da Assembleia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
Foi militante do PSD, embora distante das atividades partidárias, e um dos fundadores da Iniciativa Liberal. Afirma que foi ele próprio que quis avançar para a candidatura presidencial, uma vez que “não via opção nas eleições”. “Quando não vês opções, às vezes tens de as criar”, disse numa entrevista a Manuel Luís Goucha.
Há cinco anos, votou em Marcelo Rebelo de Sousa, confessou ao Expresso. Mas agora demonstra o seu descontentamento em relação ao mandato do atual Presidente da República e, dos adversários, é dos mais críticos.
Numa entrevista à agência Lusa, Tiago Mayan acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser o “ministro da propaganda” do Governo e de abdicar de exercer o seu mandato.
Marcelo não foi presidente. Marcelo foi ministro da propaganda deste Governo e essa é, desde logo, a maior crítica que lhe posso fazer porque isso tem sido continuamente demonstrado.
“Primeiro candidato genuinamente liberal”
Em Portugal, o liberalismo é muito novo, admitiu. E questionado sobre o que entende ser este movimento, respondeu: “O centro é o indivíduo” que deve aliar a liberdade à responsabilidade.
No site da sua candidatura, traça como objetivo falar a verdade, para contrastar com os políticos que criam constantemente narrativas que têm contribuído para o descrédito da política em geral. Aliás, considera que são essas narrativas que levam os eleitores a caminhos de desespero e que fazem com que outras propostas ganhem campo.
Repudia o populismo, que considera ser um conjunto de “propostas ocas” para as pessoas caírem numa espiral de medo e não conseguirem de lá sair. Carrega consigo a expectativa de que “o amor vencerá o ódio, e a esperança, o desespero”.
Ao Observador, falou sobre o seu posicionamento em várias matérias. Tiago Mayan é a favor da liberalização da canábis e da despenalização da morte medicamente assistida. Em relação à TAP e ao Novo Banco tem uma posição peremptória: nem mais um euro. Não defende a imposição de quotas de género e étnicas, porque considera que as pessoas devem valer pela sua competência e pelo seu mérito.
Contra o Centrão e pela liberdade de escolha
“Sou descomprometido, não estou enredado em teias de cumplicidades, interesses ou conveniências dos séquitos e elites do Terreiro do Paço.” É assim que se dirige aos eleitores no seu site.
É contra “os donos disto tudo”. Mas quem são os donos disto tudo? “É o grande centro de interesses, que tem a economia encostada ao poder”.
Considera que não vivemos num país livre, porque um cidadão não pode escolher a escola para os seus filhos nem pode escolher um prestador de serviços de saúde. “Eu quero essa liberdade de escolha”, refere Mayan.
O candidato da Iniciativa Liberal defende “a liberdade individual e direitos iguais”. Defende o mérito e a economia de mercado com regulamentação independente. Acredita numa sociedade tolerante, no Estado de Direito e na reaproximação do poder político aos cidadãos. Quer uma rede de segurança para todos e a garantia de acesso universal com liberdade de escolha à Educação e Saúde.
As bandeiras que carrega já lhe valeram muitas críticas. Os adversários da esquerda acusam os liberais de quererem acabar com o Serviço Nacional de Saúde e com a Escola Pública.
Para Mayan, as críticas são baseadas em “papões liberais”, ou seja, pouco fundamentadas. O candidato a Belém considera que o SNS poderia ser capaz de dar uma melhor resposta aos cidadãos se estivesse integrado num sistema que reunisse toda a oferta de saúde. Aliás, culpa o Governo pelo descontrolo da pandemia, uma vez que não usou os privados a tempo.