A caminhada portuguesa no Euro 2024 arrancou com a conquista dos três pontos, que pareciam querer escapar mesmo com a clara superioridade evidenciada pelos pupilos de Martínez frente à Chéquia. Na sua análise ao jogo de estreia na competição, João Rosado, comentador da SIC, pronuncia-se sobre a abordagem tática do selecionador nacional e aponta algumas possíveis mudanças já para o próximo encontro da fase de grupos.
João Rosado, comentador da SIC, admite que a vitória lusa em solo germânico foi "sofrida" e que só foi possível graças à entrada "determinante" da dupla de canhotos composta por Pedro Neto e Francisco Conceição.
Para o comentador, inicialmente, as escolhas de Roberto Martínez "surpreenderam um bocadinho". Nesse sentido, destaca a linha defensiva de três unidades com Nuno Mendes a aparecer como central, o que "motivou a presença de Cancelo no meio-campo".
Enquanto o lateral jogou no miolo do terreno como falso médio, "não foi um jogador muito preponderante", sublinha, o que "teve algumas consequências", inclusive para o eixo atacante, uma vez que Ronaldo ficou "muito desacompanhado".
Portugal "mais efetivo" a partir do minuto 60
João Rosado atira que apenas no segundo tempo, nomeadamente a partir dos 60 minutos, Portugal "foi mais efetivo", muito por conta das alterações feitas pelo selecionador nacional.
"Portugal ganhou com toda a justiça e o resultado é escasso perante a produção nacional", reconhece.
Sobre a estratégia inicial de Roberto Martínez, o comentador da SIC acredita que o técnico tentou "arranjar lugar para todos" os laterais portugueses, de forma a "tirar proveito das capacidades" de Diogo Dalot, Nuno Mendes, João Cancelo e Nélson Semedo.
No entanto, essa opção tática "retira a Portugal um médio na segunda fase de construção", afirma.
"É uma situação, na minha ótica, a rever para o jogo diante da Turquia porque não faltam soluções para o meio-campo nacional (...) Porque também me parece que Bruno Fernandes, independentemente do bom jogo de Vitinha, não pode estar tão desacompanhado. Até o Próprio Cristiano Ronaldo não pode estar tão isolado no eixo atacante", acrescenta.
No final do encontro, o selecionador nacional deixou rasgados elogios a Francisco Conceição, autor do golo da vitória, mas será o jovem do FC Porto uma figura consensual? João Rosado acredita que sim "considerando esta característica quase única na Seleção de ser um agitador". Sobre o camisola 26 da equipa lusa, o comentador vinca que é um jogador "mais proveitoso saindo do banco", tal como Diogo Jota, nota ainda.
Alerta Turquia
Depois da Chéquia, o próximo adversário de Portugal é a Turquia, equipa que também na terça-feira venceu a sua partida, diante da Geórgia, por 3-1.
Sobre o duelo diante dos turcos, João Rosado crê que será "bastante complicado", tendo em conta que o oponente da Seleção lusa "joga sempre com muito coração".
"(A Turquia) Tem capacidade para ser muito presente no corredor central e depois tem elementos que desequilibram também nas faixas laterais (...) Nesse sentido, é uma equipa muito mais completa, muito mais homogénea, muito mais matreira do que a República Checa e, obviamente, vai causar problemas a Portugal", alerta.
Em caso de vitória, a armada lusa ficará "em posição muito confortável" na fase de grupos, o que poderá permitir a Roberto Martínez colocar em prática, frente à Geórgia, "um plano de gestão", que João Rosado acredita que o selecionador já tem em mente.
O próximo compromisso de Portugal é diante da Turquia, no sábado às 17:00. Depois, a equipa portuguesa volta a entrar em campo, para a última partida da fase de grupos, na quarta-feira, dia 26 de junho, às 20:00, frente à estreante Geórgia.