Facto Político

Lacerda Sales: funções do diretor executivo do SNS são “demasiado densas” e isso “pode não ser facilitador”

Pouco mais de um ano depois de ter saído do Governo, António Lacerda Sales não está totalmente satisfeito com a forma que a reforma que ajudou a desenhar acabou por ganhar. Em entrevista ao jornalista Diogo Teixeira Pereira rejeita fazer comentários à dupla Pizarro-Araújo, mas deixa claros os pontos em que discorda.

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António Lacerda Sales é um dos pais da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde. Foi desenhada nos tempos em que exerceu as funções de Secretário de Estado ao lado da ministra Marta Temido, mas se tivesse levado o processo até ao fim teria deixado o CEO do SNS “mais aliviado”. As atribuições que foram dadas a Fernando Araújo são “demasiado densas” e com um “mecanismo centralizador” que pode “não ser facilitador do trabalho de gestão”, antecipa.

A nova direção executiva tem mandato para reformar o Serviço Nacional de Saúde, mas num caminho longo vai sendo preciso apagar alguns fogos que surgem ou nas maternidades ou nos serviços de urgência. Uma das soluções em cima da mesa de Fernando Araújo passa por limitar os acessos às urgências, Lacerda Sales não concorda e diz que a medida pode comportar “riscos”: “A porta da urgência tem de estar sempre aberta porque um dos mecanismos de referenciação pode subvalorizar as queixas de um doente. Há múltiplos exemplos disso e se também não houver acesso a médico de família no momento, há riscos”.

Quando desafiado a fazer uma avaliação da prestação tanto do ministro Manuel Pizarro como do CEO do SNS Fernando Araújo, repete a mesma expressão: “A ética é a estética da decência, não faço comentários a sucessores ou antecessores meus”. Já sobre o resultado das negociações entre médicos e governo que se prolongaram pelo fim de semana diz estar confiante num acordo: “Garantidamente vai haver um acordo. O SNS é demasiadamente importante para a tranquilidade da comunidade”.