Football Leaks

Football Leaks. Coordenador informático da PGR de férias durante alegado ataque de Rui Pinto

José Luís Cristóvão falou hoje em tribunal.

Football Leaks. Coordenador informático da PGR de férias durante alegado ataque de Rui Pinto
MARIO CRUZ

O coordenador informático da Procuradoria-Geral da República (PGR), José Luís Cristóvão, estava de férias quando ocorreu o alegado ataque de Rui Pinto ao sistema informático, revelou esta quarta-feira a testemunha no julgamento do processo Football Leaks.

"Estive três semanas fora, em novembro, na altura [do ataque] estava ausente. Não me apercebi, depois a Polícia Judiciária (PJ) apareceu com uma série de questões. Como tenho todos os 'logs' [registos de acesso] desde 2013, eu próprio fiz uma pequena investigação e entreguei aquilo à PJ", afirmou o especialista, no depoimento que abriu a 24.ª sessão no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

Depois de descrever o funcionamento, a orgânica e a distribuição de permissões do sistema informático da PGR, José Luís Cristóvão revelou também que a PGR era "constantemente" alvo de ataques e que tinha já o apoio de uma empresa de consultoria informática, sendo que a mesma elaborou posteriormente um relatório baseado no período em que o criador do Football Leaks teria acedido ao sistema.

Na sequência dessa informação, a procuradora do Ministério Público (MP), Marta Viegas, pediu um intervalo para consultar o relatório. Sem conhecimento até então da existência do documento, a magistrada acabou por requerer a junção do relatório aos autos do processo, ao que a defesa de Rui Pinto não se opôs.

Contudo, as informações do relatório da empresa VisionWare acabaram por travar o rumo da sessão do julgamento, já que o Ministério Público exigiu tempo para estudar o documento e pediu a interrupção da inquirição ao especialista informático da PGR, que será apenas retomada no próximo dia 2 de dezembro.

O julgamento prossegue durante a tarde com as testemunhas dos assistentes do processo e estão agendadas as audições de Tiago de Almeida, Joana Boaventura Martins, Filipa Cota Salgado, Maria João Domingos, Catarina Medeiros e Nuno Ribeiro.

Rui Pinto responde por 90 crimes

Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.