George Floyd

Obama critica Trump por enviar agentes federais para manifestações pacíficas

Acusa Trump de desencorajar as pessoas a irem votar,

Obama critica Trump por enviar agentes federais para manifestações pacíficas
ALYSSA POINTER / POOL

O antigo Presidente norte-americano Barack Obama condenou hoje a decisão da administração Donald Trump de enviar agentes federais contra manifestações pacíficas e os esforços das autoridades para "atacar o direito de voto" dos cidadãos.

Nas exéquias fúnebres, em Atlanta, de uma das figuras mais respeitadas nesse combate, John Lewis, Obama disse:

"[Apesar dos progressos alcançados pelos militantes e ativistas dos direitos cívicos] , não podemos ver o nosso governo federal a enviar agentes que utilizam granadas de gás lacrimogéneo e matracas contra manifestantes pacíficos".

"Enquanto estamos aqui, os que estão no poder estão a fazer todos os possíveis para desencorajar as pessoas para irem votar", acrescentou, lembrando o "encerramento das assembleias de voto", "as leis restritivas que complicam a inscrição de minorias e de estudantes" e o "enfraquecimento dos serviços postais" que encaminharão os votos por correspondência.

O primeiro Presidente negro dos Estados Unidos pediu aos norte-americanos para participarem nas eleições de 03 de novembro, "as mais importantes pelas mais variadas razões".

Trump, que espera ganhar um segundo mandato apresentando-se como garante de "lei e da ordem", enviou para Portland, no noroeste dos Estados Unidos, uma centena de agentes federais que interpelaram dezenas de manifestantes antirracistas, acusados de "desordeiros".

"Tal como John [Lewis] , é preciso que nos possamos bater ainda mais para defender a ferramenta mais potente que temos à nossa disposição: o direito de voto", frisou Obama.

Trump evoca pela primeira vez hipótese de adiar eleições presidenciais

As declarações de Obama surgem poucas horas depois de Trump, republicano, ter publicado um 'tweet' provocador, que evocou a possibilidade de adiamento da votação presidencial em que deverá defrontar o candidato democrata Joe Biden.

Trup alegou a existência de riscos de fraude com o alargamento dos votos por correspondência por causa da pandemia de covid-19.

"Com o voto por correspondência [...] 2020 terá as eleições mais inexatas e fraudulentas da história", escreveu Trump na rede social Twitter. "Será uma verdadeira vergonha para os Estados Unidos. Adiar as eleições até que as pessoas possam votar normalmente, com toda a segurança?", acrescentou.

Só o Congresso tem o poder de decidir o adiamento de uma eleição presidencial

As datas de eleições federais - na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira de novembro - é salvaguardada pela lei federal e exige uma lei do Congresso para que possa ser alterada.

A Constituição norte-americana, porém, é omissa quanto ao eventual adiamento da tomada de posse de um Presidente, normalmente realizada a 20 de janeiro, neste caso, de 2021

Vários estados norte-americanos querem que o voto por correspondência seja mais acessível para limitar o mais possível a propagação do novo coronavírus. Já muitos têm utilizado este sistema noutras eleições e não se verificaram problemas graves, apenas alguns incidentes isolados.

Donald Trump, Presidente dos EUA.
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Sondagens desfavoráveis a Trump

Há váras semanas que as sondagens têm sido desfavoráveis a Trump. Confrontado com os números, Trump tem alegado "fraudes em massa". Em final de maio, um tweet do Presidente em que falava sobre o assunto foi pela primeira vez assinalado pelo próprio Twitter como (desde então já vários tweets foram assinalados como abusivos ou por incitar à violência).

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Biden: "Trump vai tentar tudo para adiar as eleições"

No final de abril, o seu adversário Joe Biden previu que Trump faria tudo ao seu alcance para adiar as presidenciais.

"Lembrem-se do que vos digo, acredito que ele vai tentar tudo para adiar as eleições de uma maneira ou de outra, vai encontrar razões para justificar que não podem acontecer", afirmou Biden na altura.

Dias mais tarde, numa conferência de imprensa Trump foi questionado sobre esta afirmação do adversário, que logo rejeitou.

"Nunca pensei alterar a data (...) porque faria isso?", questionou invocando "propaganda democrata"

Queda histórica do PIB e 150 mil mortos por Covid-19

O tweet de hoje aparece poucos minutos depois do anúncio de uma queda histórica do PIB norte-americano no segundo trimestre (-32,09%), efeito da pandemia de Covid-19.

Os Estados Unidos são, de longe, o país com mais mortos (150.716) e mais casos de infeção confirmados (mais de 4,4 milhões), à frente do Brasil (90.134 mortos, mais de 2,5 milhões de casos), Reino Unido (45.961 mortos, mais de 301 mil casos), México (45.361 mortos, mais de 408 mil casos), Itália (35.129 mortos e mais de 246 mil casos), França (30.209 mortos, mais de 331 mil casos) e Espanha (28.436 mortos, mais de 282 mil casos).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 667 mil mortos e infetou mais de 17 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Com agências