Queda do BES

CMVM delibera suspensão da negociação das ações do BES

A Comissão de Mercado de Valores Mbiliários (CMVM) suspendeu hoje a negociação das ações do Banco Espírito Santo e do Espírito Santo Financial Group até à divulgação de informação relevante sobre a saída de Ricardo Salgado da liderança do banco.

(Lusa/Arquivo)
JOAO RELVAS

A CMVM tinha pedido esclarecimentos ao Banco Espírito Santo (BES), antes  da abertura da bolsa. 

"O Conselho Diretivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)  deliberou, nos termos do artigo 214. e da alínea b) do n. 2 do artigo  213 do Código dos Valores Mobiliários, a suspensão da negociação das ações  do Banco Espírito Santo, S.A., e do Espírito Santo Financial Group, S.A.,  até à divulgação de informação relevante sobre os emitentes", anunciou hoje  a CMVM, antes da abertura do mercado. 

A edição 'online'do jornal Expresso avançou na quinta-feira que a administração  do BES, liderada por Ricardo Salgado, vai renunciar ao seu mandato e que  poderá haver hoje uma convocatória de assembleia geral para o efeito. 

Segundo o jornal, o atual presidente "abdica da liderança, mas quer  ficar num novo comité estratégico" do BES. 

A Lusa tentou, sem sucesso, apurar junto de fontes oficiais do banco  se as informações sobre a saída iminente de Salgado da presidência executiva  do BES são verdadeiras. 

O Grupo Espírito Santo (GES), que detém, entre outros ativos financeiros  e não financeiros, o BES e a seguradora Tranquilidade, viveu, no final do  ano passado, uma luta de poder e foram mesmo tornadas públicas as desavenças  entre Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi, apontado para suceder a Salgado.

A 11 de novembro de 2013, os dois primos emitiram uma declaração conjunta  a anunciar um entendimento sobre o processo de sucessão na liderança do  grupo. 

Já na semana passada, questionado pela agência Lusa sobre se cumprirá  o seu mandato até ao fim (termina em 2015), Ricardo Salgado preferiu não  "entrar agora nesse capítulo". 

Certo é que a saída de Salgado da presidência do banco tem sido tema  recorrente na comunicação social, isto, numa altura em que o GES passa por  um processo de transformação, de forma a tornar a estrutura mais simples  e responder a recomendações do Banco de Portugal. 

Com as alterações, a Rioforte (que detém a área não financeira) deverá  passar a ser a 'holding' central do grupo, ficando sob a sua alçada a parte  financeira do grupo (BES, BES Investimento e seguradora Tranquilidade, hoje  na alçada do Espírito Santo Financial Group), assim como as áreas não financeiras.

O BES concluiu recentemente um aumento de capital, de 1.045 milhões  de euros, que foi totalmente subscrito com a procura a superar a oferta,  tendo os resultados sido anunciados a 11 de junho. As novas ações começaram  a ser negociadas a 17 de junho. 

O objetivo da operação foi reforçar os rácios de capital do banco, que  será um dos bancos portugueses submetido aos exercícios do Banco Central  Europeu (BCE).