A extensão da proibição temporária de vendas a descoberto, que já esteve ativa durante toda a sessão de hoje, está prevista nos regulamentos comunitários por um período máximo de dois dias, podendo ser acionada em caso de "diminuição significativa do respetivo preço em momento posterior à implementação da restrição inicial", lê-se no comunicado da CMVM.
O limiar para esta cláusula poder ter efeito corresponde a uma diminuição de 5% ou mais no preço das ações em causa, em relação ao preço de fecho do dia de negociação anterior àquele em que a restrição inicial foi implementada.
E, ainda segundo as normas da União Europeia, a flutuação do preço das ações em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo.
Hoje, as ações do BES baixaram 5,5% para 0,481 euros e, desde o início do ano, o título perdeu metade do seu valor (49%).
Nas últimas semanas, foram tornados públicos vários problemas no Grupo Espírito Santo (GES), a que se juntam alterações na gestão do BES, com a saída do líder histórico do banco, Ricardo Salgado.
Na final da noite de quinta-feira, o BES garantiu, em comunicado, que as potenciais perdas resultantes da exposição ao GES "não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital".
O BES explicitou que detinha 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de euros ao GES.
Hoje, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse que os depositantes do BES têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português.
O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas em Lisboa, à margem do Conselho de Concertação Territorial, relembrou a separação entre os negócios da família Espírito Santo e o BES.
Também durante a manhã, o Banco de Portugal saiu a público para garantir que o BES detém um montante de capital "suficiente" para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição ao GES, tranquilizando os clientes em relação aos seus depósitos.
Lusa