Queda do BES

CMVM proíbe vendas a descoberto das ações do BES por mais dois dias úteis

As vendas a descoberto das ações do Banco Espírito Santo (BES) vão permanecer proibidas durante mais dois dias úteis (segunda-feira e terça-feira), anunciou esta sexta-feira a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Lusa
MIGUEL A. LOPES

A extensão da proibição temporária de vendas a descoberto, que já esteve  ativa durante toda a sessão de hoje, está prevista nos regulamentos comunitários  por um período máximo de dois dias, podendo ser acionada em caso de "diminuição  significativa do respetivo preço em momento posterior à implementação da  restrição inicial", lê-se no comunicado da CMVM.

O limiar para esta cláusula poder ter efeito corresponde a uma diminuição  de 5% ou mais no preço das ações em causa, em relação ao preço de fecho  do dia de negociação anterior àquele em que a restrição inicial foi implementada.

E, ainda segundo as normas da União Europeia, a flutuação do preço  das ações em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação  com impacto negativo.

Hoje, as ações do BES baixaram 5,5% para 0,481 euros e, desde o início  do ano, o título perdeu metade do seu valor (49%).

Nas últimas semanas, foram tornados públicos vários problemas no Grupo  Espírito Santo (GES), a que se juntam alterações na gestão do BES, com a  saída do líder histórico do banco, Ricardo Salgado. 

Na final da noite de quinta-feira, o BES garantiu, em comunicado, que  as potenciais perdas resultantes da exposição ao GES "não põem em causa  o cumprimento dos rácios de capital".  

O BES explicitou que detinha 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar e uma exposição de 1,182 mil milhões de euros ao GES.

Hoje, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse que os depositantes do BES têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português.

O primeiro-ministro, que falava aos jornalistas em Lisboa, à margem  do Conselho de Concertação Territorial, relembrou a separação entre os negócios da família Espírito Santo e o BES. 

Também durante a manhã, o Banco de Portugal saiu a público para garantir  que o BES detém um montante de capital "suficiente" para acomodar eventuais  impactos negativos decorrentes da exposição ao GES, tranquilizando os clientes  em relação aos seus depósitos.

Lusa