Queda do BES

CMVM quer saber se foi usada informação privilegiada nas transacções do BES

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a investigar a negociação de títulos do BES até ao momento em que as ações foram suspensas, na sexta-feira passada, para saber se foi usada informação privilegiada na transação dos títulos.

REUTERS

O regulador dos mercados financeiros emitiu hoje um comunicado a propósito  do processo relacionado com o BES em que, num dos pontos, afirma que "abriu  um processo de investigação aprofundada da negociação dos títulos do BES,  nomeadamente, no dia 1 de agosto, para apurar a eventual existência de indícios  de violação do dever de defesa do mercado e/ou de crime de utilização de  informação privilegiada até ao momento em que a CMVM determinou a suspensão  da negociação". 

A CMVM suspendeu a negociação das ações do BES na sexta-feira à tarde,  depois de o banco ter registado um novo mínimo histórico nos 0,105 euros,  após uma queda de quase 50%, numa sessão de forte volatilidade e com elevado  volume de transações dos títulos do banco. 

A entidade liderada por Carlos Tavares diz, na nota hoje emitida, que resolveu suspender as ações "logo após ter tido conhecimento de iminentes  desenvolvimentos que vieram a ser conhecidos durante o fim-de-semana". 

O BES, tal como era conhecido, acabou este fim de semana. O Banco de  Portugal tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo  e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num  'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos num 'banco  mau' ('bad bank'). 

O supervisor e regulador bancário deu hoje conta, em comunicado, do  que fica no 'bad bank' que mantém o nome BES, mas que sem licença bancária  não pode receber depósitos ou dar crédito. 

Neste veículo tóxico ficam a participação maioritária no BES Angola,  o banco norte-americano Espírito Santo Bank e o líbio Aman Bank, assim como  a exposição do BES ao Grupo Espírito Santo, caso da Espírito Santo International.

As eventuais indemnizações para fazer face a irregularidades financeiras  no BES e responsabilidades sobre a venda de dívida do Grupo Espírito Santo  também são assumidas pelo 'bad bank'. 

O Banco de Portugal passou ainda para este veículo um total de 10 milhões  de euros para "proceder às diligências necessárias à recuperação do valor  dos seus ativos". 

Já o Novo Banco, que fica com depósitos e restantes créditos do BES,  é capitalizado com 4.900 milhões de euros através do Fundo de Resolução  bancário, que fica a deter 100% desta nova instituição financeira. Desse  valor, 4.400 milhões de euros vêm do dinheiro da 'troika' destinado ao setor  financeiro e os restantes 500 milhões são assegurados pelas contribuições  dos outros bancos que operam em Portugal. 

Lusa