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PSD está "cada vez mais focado" em construir alternativa de Governo

Líder do PSD falava na abertura do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, com o tema “Autarquias, que futuro?”, na qual estava presente o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

PSD está "cada vez mais focado" em construir alternativa de Governo
JOSÉ SENA GOULÃO

O presidente do PSD, Luís Montenegro, apelou ao primeiro-ministro, António Costa, para que use a sua "habilidade política" para resolver os problemas do país, ressalvando que "ser hábil não é ser habilidoso".

"Faço um apelo último ao primeiro-ministro: use os instrumentos que tem à sua disposição. É afamado em termos de habilidade política, use-a. E convém dizer que ser hábil não é ser habilidoso. Ser hábil é resolver, ser habilidoso é ludibriar. Resolva os assuntos", afirmou.

O líder do PSD falava na abertura do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa, com o tema "Autarquias, que futuro?", perante uma sala cheia e com algumas pessoas em pé, na qual estava presente o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

“Se Governo não for capaz de mudar, país vai ter que mudar de Governo”

Montenegro insistiu na ideia de que existe no país um "pântano político" e defendeu que "se o Governo não for capaz de mudar, o país vai ter que mudar de Governo".

O PSD, reiterou, está preparado "para ser protagonista dessa mudança".

"E o país sabe que nós temos pensamento, sabe que nós temos projeto e o país sabe que temos gente e equipa, e uma grande parte da equipa está aqui nesta sala à minha frente. E nesta sala, como em muitas outras do país, nós estamos motivados, enérgicos, cheios de garra, cheios de força", considerou.

Para Montenegro, "é preciso que o país perceba se o doutor António Costa já desistiu de Portugal, já desistiu de governar Portugal e de dar dignidade ao Governo da República Portuguesa".

O líder social-democrata considerou que é preciso estancar a "balbúrdia política e institucional" do atual contexto governativo -- seria, no seu entender, "bom para Portugal, para as instituições, para a dignidade da política na sua mais nobre missão, que é servir as pessoas".

Essa responsabilidade, acrescentou, "está nas mãos de uma pessoa" e "essa pessoa chama-se António Costa".

"Se o primeiro-ministro entende que é normalizando as anomalias e mantendo tudo na mesma que vai recuperar a credibilidade, a confiabilidade, a dignidade do seu Governo; se o primeiro-ministro entende que é a permanecer impávido e sereno longe da arena, desaparecido em combate - a casa arde mas o dono da casa está fora -; se o primeiro-ministro acha que é isto que vai induzir o país a acreditar no seu futuro, então mais vale mudar de primeiro-ministro", atirou.

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“Cada vez mais focados em construir uma alternativa política de Governo”

Para Montenegro, é necessária coragem para terminar com o atual "momento infeliz, infelicíssimo da democracia portuguesa".

Caso contrário, o executivo socialista está a assumir a responsabilidade de levar o país numa má direção, num contexto em que o PSD não vai abdicar de fiscalizar e escrutinar a ação governativa.

"Hoje, mais do que nunca, e talvez mais cedo do que era suposto, nós estamos cada vez mais focados em construir uma alternativa política de Governo para Portugal", afirmou.

Polémica no Ministério das Infraestruturas

Montenegro considerou que "é muito importante" saber o que se passou no Ministério das Infraestruturas, referindo-se à polémica que envolve Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba, mas defendeu que existem coisas "mais importantes" como a devolução do poder de compra às famílias, a atribuição de médico de família a todos os portugueses ou a resolução dos problemas no setor da educação.

A oposição tem pedido recentemente a demissão do ministro João Galamba e explicações do primeiro-ministro devido à polémica relativa ao Ministério das Infraestruturas, que envolve a acusação -- por parte do Governo - de roubo de um computador do Estado por Frederico Pinheiro e a intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS).

O líder social-democrata salientou ainda que "nunca um Governo dispôs dos instrumentos" que o atual executivo tem à sua disposição: maioria parlamentar, "uma cooperação institucional absolutamente exemplar" com todos os órgãos de soberania ou o facto de a maioria das câmaras serem governadas pelo PS.

Plano de Recuperação e Resiliência

Montenegro falou também nos fundos europeus, dizendo que o PS tem milhões para "investir e transformar", mas olha para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) como "uma espécie de orçamento suplementar".

"O doutor António Costa durante anos foi-se gabando que não apresentava orçamentos retificativos. De facto, ele foi empurrando para debaixo do tapete tudo o que foram as cativações que forçaram o país a sofrer o maior desinvestimento nos serviços públicos desde o 25 de Abril. E agora usa o PRR para quê? Não é para criar mais competitividade e produtividade na economia, é para suprir, para retificar a política orçamental que andou a executar nos últimos anos", acusou.

“Mais Habitação”

O Presidente do PSD considera que o pacote "Mais Habitação", apresentado pelo Governo, não responde às necessidades do país.

Num encontro nacional de autarcas, Luís Montenegro criticou o Governo por não ouvir as câmara municipais.

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