Guerra na Síria

“Vivíamos aterrorizados”: povo sírio já sonha com a Democracia

O povo saiu às ruas para ver, com os próprios olhos, que o regime chegou ao fim. Nas fronteiras há filas e filas de carros para entrar no país. Fala-se num grande “alívio” e no fim de um “pesadelo”.

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Milhares de refugiados sírios estão a regressar a casa depois da queda do regime de Bashar al-Assad. Cerca de seis milhões de pessoas tinham fugido da Síria devido à guerra civil. Para o povo, este é um momento de esperança e euforia.

Nas fronteiras há filas de carros para entrar e, entre o Líbano e a Síria, por exemplo, muitos fazem o caminho a pé. Para a maioria, regressar a casa era um sonho com décadas.

“Estamos muito aliviados e sentimo-nos tranquilos. Antes vivíamos um pesadelo, aterrorizados, como se estivéssemos dentro de uma grande prisão. Graças a Deus, Deus concedeu-nos alívio a todos”, afirma Mohammed Zaher, um cidadão sírio.

“Não consigo descrever a sensação - é como se estivesse a viver um sonho e ainda não acordei”, descreve Nadir Shalan.

Por um lado, o alívio. Por outro, a preocupação em relação ao futuro, que ainda é incerto. Para já, o conceito de liberdade começa a fazer sentido.

“Fomos privados [de liberdade] durante 13 anos. Regressámos, Graças a Deus, e as coisas estão bem. Regressámos ao nosso país e vimos as nossas famílias”, conta um residente da capital Damasco.

“Foram 50 anos de injustiça, insulto, pobreza, cortes de eletricidade e água e poderia dizer mais. Graças a Deus, após 50 anos, conseguimos tirar a família Assad do poder. Se Deus quiser, a Síria irá movimentar-se em direção à Democracia”, afirmou Hassan al Ghazzawi, habitante de Damasco.

O povo saiu às ruas para ver, com os próprios olhos, que o regime chegou ao fim. Mas esta nova fase traz instabilidade: houve alguns confrontos, pilhagens e episódios de vandalismo em edifícios públicos e lojas.

Um dos primeiros alvos, depois dos rebeldes terem anunciado a queda de al-Assad, foi o Palácio Presidencial em Damasco. Vários grupos entraram pelo edifício e destruíram documentos, provocaram incêndios e apoderaram-se dos bens do Presidente deposto e da sua família.

Com os ataques a edifícios públicos, as forças rebeldes declararam um recolher obrigatório de 13 horas, entre as 16:00 da tarde e as 05:00 da madrugada.