À porta, a imagem do ditador agora foragido para a Rússia. Nas paredes desta prisão em Damasco, nomes de detidos, alguns dormiam no chão, apenas com direito a lençóis, outros com colchões básicos.
As condições desumanas levavam muitas vezes à morte.Mohammed sobreviveu para contar o que os guardas faziam.
“Todos os dias, neste quarto, o chamado dormitório da morte, morria uma a três pessoas. (...) E quando não morria alguém por estar mais frágil, era o sargento que o matava. Víamos que ele os levava para a casa de banho e batia-lhes com o tacão do sapato na cabeça”, relata Mohammed Hanania, recém libertado
As execuções em massa nas prisões sírias obrigaram à criação, em 2017, de um novo crematório prisional para incinerar o elevado número de corpos.
Por estes dias, as famílias tentam recuperar desaparecidos como Moaz Mouraab. O antigo jornalista, libanês, foi detido em 2007 enquanto viajava para o Iraque. 17 anos depois, reaparecer agora, vivo, é uma alegria para a família, mas isso não apaga as memórias das torturas na prisão.
“Colocavam um pedaço de metal para baixo de uma roda. Punham-na nas nossas pernas e viravam-nos como frangos”, explica Moaz Mouraab, recém-libertado.
Atos cruéis contra presos políticos, mas também contra presos comuns. As novas autoridades da Síria estão a juntar toda a documentação encontrada nas prisões para levar à justiça os principais responsáveis.