Guerra no Médio Oriente

Análise

"As partes envolvidas parecem interessadas em prolongar, agravar e não procurar soluções" para a guerra no Médio Oriente

Um ano após o devastador ataque do Hamas a Israel, o cenário de conflito no Oriente Médio permanece sem soluções à vista. Apesar das discussões internacionais, não há sinais concretos de que a paz esteja próxima, explica o editor de internacional do Jornal Expresso, Pedro Cordeiro, e a jornalista da SIC Susana André.

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O ataque do Hamas, que apanhou Israel de surpresa, faz um ano nesta segunda-feira. Desde então que a comunidade internacional tem tentado encontrar soluções, mas até ao momento, não há perspetiva de resolução para o conflito, sublinham Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Jornal Expresso, e a jornalista SIC Susana André.

"Não vejo uma avaliação pelas partes envolvidas de que lhes valha a pena acabar com a guerra e, pelo contrário, quer Netanyahu, quer os movimentos radicais na Faixa de Gaza e no Líbano, parecem interessados em prolongar o conflito, em agravá-lo, e não procurar soluções", realçou o editor de Internacional do Jornal Expresso.

Aliás, "as soluções que estão em cima da mesa são as que estão em cima da mesa da mesa há décadas", acrescentou Pedro Cordeiro.

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A jornalista da SIC Susana André também concorda com este ponto de vista e disse mesmo que nem sequer vê para médio prazo a resolução deste conflito, mostrando-se muito preocupada com o Líbano, um "país que já está em colapso absoluto e agora com esta invasão, obviamente que as coisas vão complicar".

"Só hoje, por exemplo, houve uma ordem de retirada de evacuação de 130 cidades e vilas no Sul do Líbano. 700 mil pessoas que, de repente, se veem desalojadas e que não têm para onde ir", referiu.

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E a comunidade internacional?

Para Pedro Cordeiro, "é muito difícil a comunidade internacional ter êxito quando os beligerantes querem ativamente e afincadamente prosseguir com a guerra".

"As Nações Unidas nasceram com o objetivo de evitar guerras e, portanto, cada guerra que há no mundo e que não se consegue travar é um fracasso", destacou.

No entanto, "também é preciso manter as expectativas dentro do realismo. As Nações Unidas não têm uma varinha mágica, nem têm recursos extraordinários para impor uma paz num a um país que não a quer".

No entanto, "há países a financiar, a armar e a ajudar um lado e outro deste conflito. O Irão está por trás como mandante destes seus agentes regionais, que são o Hezbollah e o Hamas, entre outros", explicou o Pedro Cordeiro.

Resultados das eleições norte-americanas podem influenciar?

Para o editor do Expresso, enquanto que a guerra na Ucrânia "pode mudar muito" caso ganhe Kamala Harris ou Donald Trump", a do Médio Oriente "será uma coisa de pormenor".

"Talvez a situação piore um pouco mais para os palestinianos se Trump for eleito e não é por acaso também que a ofensiva do Líbano começou precisamente agora tão em cima das eleições norte-americanas", referiu a jornalista da SIC, apesar de admitir que "não há muita diferença naquilo que será uma administração norte-americana se Kamala Harris foi eleita".

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