Guerra no Médio Oriente

"Marca-se um ano do ataque do Hamas, mas também um ano de violência israelita"

A jornalista Leila Salim, que se encontra ao serviço da SIC no Líbano, conta que, durante o fim de semana, Israel atacou um campo de refugiados e uma cidade libanesa, onde morreram seis pessoas, incluindo três crianças.

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O Líbano tem sido a frente mais ativa da guerra no Médio Oriente, nos últimos dias. A jornalista Leila Salim, em serviço especial para a SIC, faz o ponto de situação do conflito que tem obrigado milhares de pessoas a abandonarem o país diariamente por contas dos ataques israelitas.

A jornalista que se encontra na capital libanesa revela que o país foi palco de "bombardeamentos intensos" durante a última noite no seguimento do que se verificou durante todo o fim de semana.

Acrescenta que o exército do Líbano emitiu mais de uma dezena de ordens de evacuação em todo o país, nas últimas horas.

Apesar de constatar que a grande maioria dos ataques israelitas foram dirigidos contra cidades no Sul, informa que novos locais têm vindo a ser afetados.

"Houve também bombardeamentos em novas cidades, que não tinham sido atacadas até agora, o que tem significado um aumento das áreas sobre risco com ataques a acontecer e um aumento das pessoas deslocadas também."

Leila Salim refere ainda que, durante o fim de semana, Israel atacou um campo de refugiados palestinianos, no Norte do Líbano, e a cidade de Jiyeh, a sul de Beirute, onde morreram seis pessoas, das quais três crianças.

A jornalista nota que, no Líbano, está enraizada a ideia de que o escalar de tensões no Médio Oriente não começou no dia 7 de outubro de 2023, mas sim há mais tempo:

"Existe um conjunto de ataques e agressões que já se estendem há muito tempo, na região. E, mais do que isso, marca-se um ano do ataque do Hamas, mas também um ano de toda a violência da ação israelita em Gaza, que agora vem-se repetindo também no Líbano. Ou seja, um ano de violência documentada, que não parece estar próxima de ser enterrada."

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Quanto à retirada de cidadãos libaneses do território, Leila Salim informa que "continuam as mesmas dificuldades". Revela que, a Norte, a fronteira com a Síria foi bombardeada, o que dificulta a passagem de civis.

Para além disso, o aeroporto de Beirute "tem tido mutas dificuldades de operação", numa altura em que só uma companhia aérea continua a operar.

Há um ano, comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza penetraram no sul de Israel, utilizando explosivos e 'bulldozers' para atravessar a barreira que rodeia o território palestiniano, matando indiscriminadamente em 'kibutzs', bases militares e no local do festival Nova.

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Nas horas que se seguiram, o exército israelita lançou uma poderosa ofensiva contra o território palestiniano para destruir o Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007.

O ataque do Hamas, que apanhou Israel de surpresa, fez 1.205 mortos, na maioria civis, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP) baseada nos números oficiais israelitas, incluindo os reféns que morreram em cativeiro.

As represálias militares na Faixa de Gaza mataram pelo menos 41.825 pessoas, na maioria civis, indicam dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera fiáveis.