Guerra no Médio Oriente

Análise

Ataque de 7 de outubro: "Há informações concretas de que Netanyahu tinha sido avisado"

Germano Almeida analisa a atualidade internacional, com destaque para as últimas informações sobre a guerra no Médio Oriente.

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A União Europeia considera inaceitáveis os ataques de Israel à Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). Josep Borrel exige também que o Governo israelita deixe de considerar António Guterres como “persona non grata”. Germano Almeida considera “inaceitável” esta quase declaração de guerra à ONU e lembra “o grande clima de hostilidade entre Netanyahu e Guterres”. O comentador da SIC aborda também as recentes informações que indicam que o Hamas tinha planeado um ataque maior e até mais mortífero a Israel antes de 7 de outubro de 2023.

Sobre o “grande clima de hostilidade entre Netanyahu e Guterres”, Germano Almeida explica que começou com o discurso de António Guterres sobre o 7 de outubro e “foi-se agravando pela forma como o secretário-Geral da ONU foi avisando nestes meses e neste ano de guerra em Gaza, dos crimes que Israel estava a fazer em Gaza e tem em concreto agora um contexto na questão israelita no Líbano”.

Israel alega que deixou de ter a segurança do Norte de Israel porque o Hezbollah se posicionou nessa zona e, portanto, uma parte da missão das forças da ONU falhou.

"É verdade que elas têm um mandato que não é um mandato que permita entrar em conflito direto com o Hezbollah, mas seria uma força de ‘Peace keeping’, que nesse neste caso falhou esse objetivo.

Obviamente que na sequência do início da da incursão israelita e o facto comprovado nos últimos dias de as forças da UNIFIL estarem a ser atacadas, não tem qualquer defesa, e eu acho que bem, o Alto Representante ainda da União Europeia, Borrell, que está no final do seu mandato, disse que os países europeus demoraram na condenação a Israel", sublinha Germano Almeida.

Hamas tinha planeado ataque maior e mais mortífero antes de 7 de outubro

Sobre as recentes informações que indicam que o Hamas tinha planeado um ataque maior e até mais mortífero a Israel antes de 7 de outubro de 2023, o comentador da SIC diz que “têm credibilidade” e explica que “decorrem de uma grande investigação que está a ser feita pelas autoridades israelitas e pela Inteligência Americana relativamente a todo o contexto que levou a que tenha sido possível o 7 de outubro”.

“Ainda decorre uma grande investigação interna relativamente ao que falhou por parte das autoridades israelitas. Este é um tema importante porque se é verdade que nas últimas semanas a inteligência israelita foi extremamente eficaz na eliminação das lideranças do Hezbollah e aparentemente também com informações dos últimos dias, possivelmente com uma toupeira de topo que tinha no regime iraniano”.

Germano Almeida adianta que um ano depois do ataque, parece ser claro que “Israel estava sob duas ameaças que neste momento são duas guerras (…) a verdade é que essas duas ameaças antes de 7 de outubro, uma é do Hezbollah a Norte parecia não só maior em força e quantidade como mais iminente, o que terá levado a uma desvalorização por parte do Netanyahu, da ameaça a Sul”.

“Há informações concretas de que Netanyahu tinha sido avisado pelos militares e pela 'intelligence' da ameaça iminente e a desvalorizou por uma questão interna de dar maior destaque à questão da daquilo que era tentar travar a contestação interna que havia na sociedade israelita”, acrescenta o comentador da SIC.