O primeiro-ministro português pediu esta terça-feira um "cessar-fogo imediato e permanente" em Gaza, enquanto condenou "o uso excessivo da força" por Israel e a "posição injustificada" de Telavive ao considerar 'persona non grata' o secretário-geral da ONU.
"É urgente inverter a escalada de tensões e a banalização da violência neste território [Gaza]", defendeu Luís Montenegro no parlamento, durante o debate preparatório do Conselho Europeu que decorre em Bruxelas entre quinta e sexta-feira.
O chefe do Governo português reiterou o pedido de um "cessar-fogo imediato e permanente" para "melhorar a ajuda humanitária" na Faixa de Gaza e para permitir a libertação de reféns mantidos no enclave palestiniano desde o ataque do grupo islamita Hamas em 07 de outubro de 2023 contra Israel, afirmando o apoio à Autoridade Palestiniana "para a solução dos dois Estados".
"Condenamos o uso excessivo da força por parte de Israel em Gaza, a expansão dos colonatos na Cisjordânia, bem como a posição injustificada do Governo israelita face ao secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] , considerando-o 'persona non grata'", salientou.
Montenegro considerou ainda "inaceitáveis os incidentes que têm provocado o ferimento de capacetes azuis nas missões das Nações Unidas no Líbano".
"O recente agravamento das hostilidades no Líbano e o ataque militar do Irão contra Israel, que condenamos veementemente, são muito preocupantes. Condenamos igualmente o desrespeito pelas vidas de civis inocentes", acrescentou.
No domingo, o exército israelita assumiu que um dos seus tanques tinha atingido um posto dos capacetes azuis da ONU no Líbano.
Portugal quer estar "na linha da frente" do debate sobre financiamento europeu
Ainda no Parlamento, o primeiro-ministro assumiu que Portugal quer estar "na linha da frente" do debate europeu sobre as futuras fontes de financiamento da União Europeia (UE), com necessidades na ordem dos 800 mil milhões de euros anuais.
Luís Montenegro recordou os desafios apontados pelo relatório Draghi, relativos à competitividade europeia, nomeadamente de "ultrapassar graves carências do ponto de vista do investimento em setores estratégicos e na prossecução de maior autonomia económica a vários níveis da Europa e de cada um dos Estados-membros".
Segundo o chefe do Governo, a UE precisa de assegurar um investimento anual de 750 a 800 mil milhões de euros por ano, sendo necessário "reforçar os mecanismos de financiamento, sejam dos Estados-membros ou de instrumentos de investimento privado".
"O Governo quer estar na linha da frente deste debate sobre as fontes de financiamento e sobre o quadro financeiro plurianual, que possa conjugar-se com os interesses de Portugal e de prosseguir políticas de coesão, que são uma necessidade do país", referiu.
"Quero reiterar que a nossa participação será efetiva e, cremos mesmo, liderante nesta discussão, que é absolutamente crucial para o futuro do país", disse Luís Montenegro.
O primeiro-ministro falava na intervenção inicial do debate parlamentar, na qual destacou que o próximo Conselho Europeu é o último com o atual presidente, Charles Michel, e que este órgão "será doravante presidido por António Costa".
Montenegro sublinhou a atribuição do pelouro dos Serviços Financeiros e União de Poupanças e Investimentos à comissária portuguesa designada, a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.
"Temas tão importantes como a competitividade e o crescimento económico têm o reconhecimento do que pode ser a participação de Portugal neste importante dossiê", destacou.
Os dirigentes da UE reúnem-se em Bruxelas quinta e sexta-feira para debater a Ucrânia, o Médio Oriente, a competitividade, a migração e os negócios estrangeiros.
Antes da reunião do Conselho Europeu, os chefes de Estado e de Governo da UE e os dirigentes da região do Golfo reúnem-se hoje na primeira cimeira UE-Conselho de Cooperação do Golfo.
Com Lusa