Vitaly Venislavskyy, especialista em segurança e defesa, alerta que o Irão tem capacidade para "deixar cair" o acordo entre Israel e o Hezbollah. Considera ainda que as esperanças de um cessar-fogo em Gaza, como aconteceu no Líbano com o Hezboolah, são "muito faixas".
Vitaly Venislavskyy sinaliza que o primeiro-ministro israelita deu explicações para legitimar o acordo de cessar-fogo no Líbano de forma a "equilibrar muito bem" os interesses de uma ala mais conservadora do seu Parlamento e a "pressão" para conseguir o cessar-fogo.
O especialista em segurança e defesa defende que o Irão, que se torna o alvo prioritário na política externa norte-americana, tem muita influência no acordo.
"Se o Irão continua a dar meios ao Hezbollah, o acordo vai acabar por cair", refere.
Contudo, diz que as esperanças de um acordo replicado com o Hamas na Faixa de Gaza, com a liberação de reféns, "são muito baixas".
Israel anunciou, na terça-feira, um cessar-fogo no Líbano. O gabinete de guerra israelita chegou a acordo para que os ataques parem, a partir desta quarta-feira. A trégua deverá estar em vigor durante 60 dias. Netanyahu diz que vai agora concentrar-se na ameaça do Irão. Já o exército libanês tomou "as medidas necessárias" para se reposicionar no sul do país.
Vitaly Venislavskyy vinca que, com o cessar-fogo no Líbano, o Hamas é "quase deixado de lado".
"O Irão acaba por permitir-se perder o Hamas para poder salvar o Hezbollah".
Netanyahu vai continuar a "implementar unilateralmente a sua securitização" na Faixa de Gaza, com uma permanência "muito mais reforçada" das forças de segurança, refere o especialista, acrescentando que fica com as "mãos livres para conseguir os seus objetivos".
"É uma derrota completa do Hamas a médio prazo, mas também significa um possível fim teórico num prazo mais alargado para chegar a acordo com independência da Palestina e da unificação da Faixa de Gaza com a Cisjordânia numa única unidade política", refere.
O cessar-fogo entre Israel e os militantes do Hezbollah, no Líbano, começou esta quarta-feira às 04:00 locais (02:00 em Lisboa). Desde então, não houve relatos imediatos de alegadas violações à trégua, e houve sinais de celebração em Beirute.
Com o cessar-fogo em vigor, muitos foram aqueles que começaram a regressar a casa. Nas últimas horas, formaram-se longas filas de trânsito não só na capital Beirute, mas também no sul do país, uma das zonas mais afetadas pelos ataques de Israel.