O que aconteceu nos últimos dias ainda domina as conversas, e foi precisamente nesse contexto que o líder supremo do Irão reapareceu em público, numa tentativa de controlar a narrativa e reforçar a ideia de que os Estados Unidos nada ganharam com a guerra.
Apesar de a base americana no Qatar não ter sofrido danos, o Ayatolá Khamenei descreve o ataque iraniano como "significativo" e deixa o aviso: pode voltar a acontecer. Quanto ao programa nuclear, o líder supremo garante que não foi seriamente afetado pelos bombardeamentos.
Mas nem todos partilham da mesma leitura. Na televisão do Qatar, o próprio governo iraniano reconheceu que houve estragos. Já o Financial Times avança que, apesar dos danos, o Irão conseguiu preservar grande parte do seu stock de urânio enriquecido, ou seja, cerca de 408 quilos acumulados antes do início do conflito.
Os Estados Unidos discordam. O Pentágono divulgou imagens dos testes com a bomba destruidora de bunkers utilizada nos ataques ao Irão e insiste que a destruição foi massiva.
Ainda assim, para muitos iranianos, o impacto mais difícil de ignorar foi o da fragilidade revelada pelo regime perante os ataques. Desde o início do conflito, há registo de cerca de 700 detenções no país, por alegado apoio a Israel. Uma ferida política que o cessar-fogo, por si só, não consegue curar.